(Folha)
Para tentar
conter a inflação e controlar os gastos do setor elétrico em 2015, o governo
decidiu fazer um pente-fino no cadastro do programa Tarifa Social e vai excluir
5 milhões de famílias até o final deste ano. Elas representam 38% das 13,1 milhões
de famílias que, em dezembro, eram beneficiadas com descontos na tarifa de luz.
Para ter direito ao benefício, é necessário estar abaixo de determinado nível
de renda e de consumo.
De acordo com a Aneel
(Agência Nacional de Energia Elétrica), trata-se de casos que não se
enquadravam nas regras do programa, seja por erro de cadastro, seja por mudança
no perfil econômico ou de consumo da família. O corte representará uma redução
de aproximadamente R$ 600 milhões neste ano no custo do programa, que é
repassado às tarifas de todos os consumidores.
Com o enxugamento do
benefício, a estimativa é que o gasto para manter o programa fique em R$ 2,16
bilhões em 2015. Em 2014, o gasto foi de R$ 2,2 bilhões, mas, com os aumentos
na tarifa de energia, a estimativa é que neste ano a despesa chegasse a R$ 2,78
bilhões.
TARIFAÇO
A exclusão de
beneficiados deve evitar mais aumentos no preço da luz. "Não houve impacto
direto no orçamento do setor elétrico, pois a revisão do cadastramento deve
compensar os aumentos tarifários deste ano", afirmou o diretor da Aneel
Tiago Correia.
Como a Tarifa Social é,
na realidade, um desconto sobre a tarifa praticada pela distribuidora, as
despesas com o programa subiriam muito caso não fosse reduzida a lista de
beneficiados. Até o ano passado, a tarifa social era bancada com ajuda do
Tesouro, que neste ano desistiu de fazer o repasse de R$ 9 bilhões ao setor e
anunciou que o custo terá de ser bancado exclusivamente pelo consumidor.Apenas
com o reajuste extraordinário e a aplicação da bandeira tarifária vermelha, o
consumidor já pagará neste mês uma conta 32% mais cara, em média.
Nos próximos meses,
segundo previsões da agência reguladora, esse aumento médio deve chegar a 42%,
com a aprovação do reajuste ordinário das tarifas. Para chegar ao patamar de
redução alcançado, a Aneel e as distribuidoras de energia vêm fazendo, desde o
ano passado, fiscalizações e novos cruzamentos dos dados das famílias
inscritas.
CRITÉRIOS
Segundo as regras do
programa, têm direito ao benefício as famílias listadas no Cadastro Único e
que, portanto, tenham renda mensal de até meio salário mínimo per capita.
Também entra na lista quem está no Benefício de Prestação Continuada da
Assistência Social, que é um cadastro para idosos e pessoas com deficiência de
baixa renda. Quanto menor o consumo de luz da família, maior o desconto.
Quem não for localizado
pelos cadastros sociais, tiver informações desatualizadas há mais de dois anos,
não atender critérios de renda ou não renovar relatórios médicos (no caso de
idosos e deficientes) perderá o benefício.
Ao longo de 2014, foram
identificados 5,8 milhões de famílias que precisam atualizar o cadastro. De
acordo com a Aneel, as distribuidoras de energia já encaminharam cartas para a
residência dessas pessoas informando procedimentos e prazos para a atualização.
A previsão da agência, usada para aprovar o orçamento do setor elétrico neste
ano, é que 5 milhões não possam se recadastrar.
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