Blog do Camarotti
Depois de uma conversa no final da manhã desta
segunda-feira (24) com a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel
Temer entregou as atribuições de articulador político do governo federal. Com
isso, o vice deixou de operar o balcão do Palácio do Planalto com a negociação
de cargos e emendas parlamentares com a base governista.
De todo jeito, Temer assumiu o compromisso com Dilma de
continuar ajudando nas relações do governo com os demais poderes: Judiciário e
Legislativo.
“Temer não vai mais ficar no balcão. Só vai tratar das grandes questões", disse um interlocutor do vice-presidente. "Ele só vai ficar na articulação mais elevada", concluiu este aliado do peemedebista.
“Temer não vai mais ficar no balcão. Só vai tratar das grandes questões", disse um interlocutor do vice-presidente. "Ele só vai ficar na articulação mais elevada", concluiu este aliado do peemedebista.
A solução encontrada nesta segunda-feira foi uma
tentativa de diminuir o desgaste político que seria a saída completa de Temer
da função de relações institucionais.
Na conversa com a presidente, Temer foi sincero e voltou
a falar sobre o episódio que criou desgaste com o governo, quando, em um
pronunciamento, ele disse que alguém tinha de reunificar o país. Na ocasião,
depois de o vice ter sido alvo de críticas de ministros petistas, Dilma fez um
gesto para tentar demonstrar que confiava no peemedebista, dizendo que, da
parte dela, "nunca houve nenhuma desconfiança". Ela também elogiou o
vice.
O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, que
atualmente auxilia Temer nas tarefas da articulação política, deve deixar
gradualmente as funções da Secretaria de Relações a partir do dia 1º de
setembro.
Até agora, Padilha vinha acumulando suas atribuições da
Aviação Civil com um expediente diário no Palácio do Planalto para tratar da
negociação de cargos e emendas parlamentares, praticamente deixando a cargo de
assessores o dia a dia do ministério.
Antes da reunião reservada entre Dilma e Temer, o ministro
Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia) criou uma saia justa no encontro desta
segunda da coordenação política do Planalto ao indagar sobre a situação do
vice. Segundo Aldo, o assunto era importante e deveria ser abordado e explicado
pelos ministros que participaram da reunião. Diante do mal-estar, ficou
definido que Dilma conversaria na sequência, de forma reservada, com o
vice-presidente.
Desde que fez o pronunciamento pedindo a unificação do
país, Temer sentiu que havia um ambiente hostil para ele no Palácio do
Planalto. Aos poucos, o vice começou a perceber que o assessor especial da
Presidência Giles Azevedo, ex-chefe de gabinete de Dilma, estava criando uma
relação direta com parlamentares. Além disso, a Casa Civil e o Ministério da
Fazenda dificultavam a liberação de emendas negociadas com os congressistas.
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