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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Carnaibana mãe de bebê com microcefalia enfrenta distância, cansaço e maratona de exames



BBC Brasil

No ambulatório infantil de Doenças Infecto-Parasitárias do hospital, para onde são encaminhados todos os novos casos que precisam ser investigados, há um fluxo constante de mães - algumas acompanhadas, mas a maioria sozinhas. São pelo menos 20 casos nos dias mais cheios da semana, terça e quinta-feira.

Poliana, uma agricultora de Carnaíba (a cerca de 400 km da capital Recife), é uma delas. Ela descobriu a má-formação no bebê depois que ele nasceu, com um perímetro cefálico de 31 cm, inferior ao considerado normal.

No começo da gravidez, ela teve coceiras e irritação na pele (sintomas da zika), "mas nos meus exames não deu nada alterado".

"Minhas ultrassonografias davam só 'retardo no crescimento', mas o médico falava que era no tamanho da criança, não falou que era na cabeça. Só quando ele nasceu eu vi, porque a cabecinha dele era muito estranha", disse à BBC Brasil.

Sua primeira consulta em Recife, no entanto, só acontece agora, um mês e seis dias depois do nascimento de José Ravi, por causa da dificuldade de conseguir horário de atendimento.


Exames

Ela saiu de sua cidade na noite anterior, de ônibus, e chegou na capital no começo da manhã. Ficará hospedada dois dias em uma casa de apoio do município para fazer os exames do bebê. "Foi um choque porque toda mãe quer um bebê perfeito. Aí quando me disseram microcefalia, eu fui correndo olhar na internet pra saber o que era."

"Aí depois me disseram que microcefalia vem de pequenez na cabeça. E que ele teria retardamento."

Até agora, ela sabe apenas que seu filho pode ter problemas de visão. "Ele tem duas cicatrizes nos olhos. Não vai enxergar igual a gente", contava para a reportagem e para outras mães.

Nas últimas semanas, ela já fez o trajeto até a capital pernambucana três vezes. Mas a primeira tomografia de José Ravi só será feita no dia 28 de dezembro. O exame é um dos primeiros feitos pelas mulheres que moram em Recife, já que permite avaliar o quanto o cérebro pode estar comprometido.

No caso de bebês com microcefalia, todo o tempo é precioso, já que a análise dos exames indica como eles precisarão ser estimulados para desenvolver outras regiões do cérebro. Quanto mais cedo, melhor.

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