Com o objetivo de
garantir o acesso de mais famílias agricultoras à água para produção e
comercialização de alimentos, a Diaconia iniciou, em novembro, um projeto
aditivo para construção de 29 cisternas calçadão no município de São José do
Egito (PE) para os próximos três meses. O projeto, desenvolvido com o apoio da
Articulação no Semiárido (ASA) através do Programa Uma Terra e Duas Águas
(P1+2) e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), também
conta com o Caráter Produtivo, um recurso extra pelo qual cada família poderá
investir em alguma atividade da agricultura familiar mais apropriada à sua
realidade: sementes, apicultura ou criação de pequenos animais.
O casal de agricultores
Valmir Bezerra e Edna Marinho abriu as portas de sua casa, no Sítio Curral
Velho dos Pedros, em Afogados da Ingazeira, para a primeira atividade de
sistematização de experiências acompanhada por uma equipe de assessoria Técnica
e de Comunicação da ASA. Na propriedade, que já possui uma cisterna de 16 mil
litros e uma produção bem diversificada - criação de galinhas e cabras,
produção de mel de engenho, poço, plantação de hortaliças, frutas e polpas -, a
família construiu uma linha do tempo com sua experiência de vida e produção na
localidade, herdada dos antepassados há mais de 100 anos.
Porém, nem tudo é de
facilidades e a família sente o impacto das dificuldades climáticas e
econômicas. Valmir é um experimentador, observador e conhecedor da natureza, e
percebe as chuvas insuficientes e poucas perspectivas de melhoria a curto
prazo. “Esse projeto, por ser de menor porte, permite uma melhor oportunidade
de avaliarmos e contextualizarmos as tecnologias com a realidade vivenciada
pelas famílias, nesse tempo de ‘maré baixa’. O foco do projeto é na produção de
alimentos, mas o entorno, o ambiente, reflete muito no desenvolvimento das
iniciativas”, afirma o coordenador local Adilson Viana.
A participação da
agricultora Fátima Souto, do Sítio Felipe, também transformou o momento em
intercâmbio e encorajamento. Dona Fátima, junto com o marido Adalberto, são
exemplos de sucesso no empreendimento e planejamento da produção,
comercialização na feira e programas institucionais. A equipe técnica da
Diaconia também conheceu a plataforma PENTAHO, uma nova ferramenta utilizada
pela ASA para melhor monitoramento das tecnologias e dos projetos.
P1+2 - Criado pela
ASA em 2007, o Programa Uma Terra e Duas Águas parte da estrutura mínima que as
famílias precisam para produzirem (o espaço para plantio e criação animal, a
terra, e a água para cultivar e manter a vida das plantas e dos animais). O
programa promove a construção de tecnologias para maior armazenamento de água
(cisternas calçadão, barreiros e barragens subterrâneas), formação de pedreiros
e a mobilização das famílias em formações para a convivência com o Semiárido,
como as capacitações em Gerenciamento da Água para Produção de Alimentos (Gapa)
e em Sistema Simplificado de Manejo da Água (SSMA). Algumas das experiências
exitosas são publicadas em formato de boletins e banners (O Candeeiro), de
responsabilidade das famílias.
Para ser contemplada, a
família precisa ser cadastrada em comissões municipais e comunitárias e atender
a critérios como: renda per capita familiar de até meio salário
mínimo; inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e Número
de Identificação Social (NIS), além de possuir a cisterna de água para consumo
humano (16 mil litros). Famílias chefiadas por mulheres, com crianças até 6
anos, crianças frequentando a escola, pessoas idosas ou com deficiência também
têm prioridade.
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