Em recente entrevista ao
jornal Estadão (SP), o governador Paulo Câmara reforçou o coro dos brasileiros
que querem novas eleições presidenciais como uma saída menos traumática para a
crise econômica, política e ética que assola o nosso país há quase dois anos.
Esse também é nosso sentimento, uma posição firme, suprapartidária e sensata
diante de um cenário tão danoso para a jovem democracia brasileira.
Defenderemos a realização de novas eleições para presidente de República.
Os procedimentos
necessários para a convocação de novas eleições já estão no Tribunal Superior
Eleitoral, que tem o dever constitucional de julgar o processo que propõe a
cassação da chapa Dilma/Temer sob o argumento de uso de fundos desviados da
Petrobras para financiamento da campanha em 2014. Um trabalho permeado por
discussões que pode ser acelerado pelos pronunciamentos, debates, mobilizações
e atitudes da classe política e dos movimentos sociais que defendem a
democracia e a retomada do desenvolvimento brasileiro.
A realização de novas
eleições dá ao Brasil a oportunidade de firmar um novo pacto federativo,
cobrando dos novos candidatos posturas mais claras e verdadeiras que demonstrem
sintonia e compromisso com os anseios da população. Não podemos dividir o
Brasil em dois, como o muro do impeachment que separa militantes pró e contra
governo em frente à Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Precisamos pensar
como republicanos e buscar a melhoria do nosso país. Voltar às urnas é dar ao
Brasil uma chance de escolher um novo caminho, avaliando os nomes com o dobro
da responsabilidade. Precisamos de um líder conciliador, não há espaço para
continuar como está.
O plenário da Câmara
aprecia o processo de impeachment, aprovado pela Comissão Especial criada para
elaborar o relatório que propõe a cassação da presidente. As análises e
projeções mostram que o consenso de permanência ou impedimento está distante.
Com Dilma ou sem Dilma, o Brasil ainda estará mergulhado em uma crise que não
se vê há 80 anos e seguirá caminhando sem horizonte otimista.
Continuando no poder,
Dilma Rousseff não reunirá condições para governar um país mergulhado em
desconfiança. Analistas internacionais já preveem uma queda de 4,2% no PIB
deste ano caso a presidente permaneça à frente do Palácio do Planalto,
resultando em desemprego e inflação que massacrariam ainda mais nossas
famílias. Teremos uma comandante desgastada que só poderá, com muito otimismo,
minimizar os danos à nossa economia. Se for cassada, a jovem democracia
brasileira enfrentará seu segundo impeachment em menos de três décadas o que,
apesar de constitucional, é uma medida extrema que gera feridas, fragiliza
conquistas, descredibiliza as instituições republicanas e causa descrença nos
investidores.
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