As obras da Ferrovia
Transnordestina continuam devagar quase 10 anos depois do começo da sua
construção, iniciada em junho de 2006, 159 anos depois de Dom Pedro II ter
determinando, em 1847, que fosse realizado um estudo de uma ferrovia ligando o
Sertão ao litoral do Nordeste. A obra foi iniciada no primeiro governo Luiz
Inácio Lula da Silva e deveria estar pronta, pelo primeiro cronograma, em 2010.
Em setembro do ano
passado, as obras estavam com percentual de 52% de realização. Esse percentual
subiu para 56% em fevereiro último. A ferrovia vai ligar a cidade de Eliseu
Martins (PI) aos portos de Suape e Pecém (CE).
Os órgãos públicos já
liberaram R$ 6,1 bilhões empregados no empreendimento. Desse total, R$ 3,065
bilhões foram aportados pela Sudene. A última expectativa é de que o
empreendimento demande um investimento de R$ 11 bilhões.
Segundo informações da
Sudene, os aditivos aos acordos de investimento e acionistas estabelecem que os
valores que ultrapassem o orçamento aprovado de R$ 7,52 bilhões deverão ser
aportados integralmente pela Transnordestina Logística S.A.(TLSA), empresa
privada responsável pela execução da obra.
O fato da empresa ter
que fazer um aporte de R$ 3,5 bilhões pode explicar o motivo da obra estar se
arrastando.
No ano passado, o plano
da TLSA era captar R$ 3 bilhões para concluir o empreendimento. “O capital
privado brasileiro não está em condições de investir R$ 3 bilhões. É uma pena.
É um empreendimento que poderia abrir fronteiras para outros investimentos se
instalarem no interior do Nordeste”, lamenta o prefeito de Salgueiro, Marcones
Libório. Salgueiro recebeu uma fábrica que iria produzir os dormentes para a
ferrovia.
Inaugurada em 2010, a
unidade está parada. Lá também seria construída uma plataforma de transbordo de
carga. “Até hoje, o pessoal me cobra essa plataforma, que só vai sair quando a
ferrovia chegar em Pecém ou em Suape”, conta. E a ferrovia vai sair do papel um
dia? “Aqui em Salgueiro, ela está pronta. Mas fora, está tudo parado”, responde
o prefeito.
A parte que está pronta
em Salgueiro liga nada a lugar nenhum. O primeiro prazo de conclusão da
ferrovia era 2010. Depois, 2012. E assim vieram outras postergações. Ontem, a
reportagem do JC contatou a TLSA, o Ministério dos Transportes e a Sudene para
saber do novo prazo. A TLSA é um braço da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
As empresas são
privadas, mas uma parte da ferrovia será bancada por recursos públicos via
fundos administrados pela Sudene, empréstimos etc.
A Sudene foi a única que
respondeu ao questionamento do JC: “devido aos atrasos na desapropriação e
necessidade de novos traçados, a empresa está fazendo uma revisão do prazo de
conclusão final”.
Isso significa que vem
mais atraso por aí. Ainda de acordo com a autarquia, as obras não avançam em
Pernambuco por causa de uma revisão no traçado, o que não houve nem no Ceará
nem no Piauí, onde o projeto está mais ágil.
Surgiu a necessidade de
um novo traçado em Pernambuco porque está sendo construída a barragem de Serro
Azul, em Palmares, na Mata Sul, local onde passariam os trilhos do projeto
original. Já as desapropriações do trecho pernambucano são realizadas pela
Secretaria estadual de Desenvolvimento (Sdec) com recursos da União. Ontem, a
Sdec não se pronunciou sobre o assunto.
Fonte: Da Editoria
de Economia/JC
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