A presidenta Dilma Rousseff voltou ontem (07) a afirmar que o processo de impeachment contra ela é uma tentativa de golpe e disse que vai “resistir até o fim”. Durante cerimônia de inauguração da Embrapa Pesca e Aquicultura, em Palmas (TO), a presidenta destacou que o pedido de afastamento é motivado pelo fato de ela ter escolhido gastar o dinheiro do governo com os mais pobres.
“Nós fizemos escolhas porque
o dinheiro é finito, então, você tem de escolher onde gastar. Nós escolhemos
ampliar o gasto na agricultura, na produção e nos programas sociais. Na área da
agricultura familiar e assentamentos, nós saímos de menos de R$ 2,5 bilhões
para R$ 30 bilhões. Na agricultura comercial, nós saímos de menos de R$ 25
bilhões para R$ 202 bilhões [de estímulos econômicos]. Nós fizemos, de fato,
uma escolha diferente da dos nossos antecessores”, afirmou.
Para a presidenta o que
está ocorrendo no país, “mais que um golpe, é uma tentativa clara de fazer uma
eleição indireta para colocar no governo quem não tem voto suficiente para lá
chegar”. Segundo ela, o novo governo que será formado, caso ela seja afastada,
pretende reduzir o Bolsa Família aos 5% mais pobres do país, o que significa 10
milhões de pessoas. Atualmente, o programa atende a 46 milhões de brasileiros.
“O foco é tirar do Bolsa
Família 36 milhões de pessoas. Isso porque eles sabem que o gasto do Bolsa
Família é de menos de 1% do PIB, um dos menores do país. E aí querem fazer
economia com o dinheiro dos pobres? Jamais se elegeriam”, afirmou.
Dilma também voltou a
dizer que é honesta, não tem contas no exterior nem recebeu dinheiro de
propina. Para ela, como não era possível apontá-la como criminosa por isso,
tentam criar um fato em torno da edição de decretos que “todos os outros
governos também fizeram”.
“São decretos que dão
recursos para o Tribunal Superior Eleitoral fazer concurso, para o Ministério
da Educação pagar hospitais, para o Ministério da Justiça complementar recursos
para escoltas. Não são recursos que a presidência pegou para ela”, disse.
Ela também voltou a
alegar que não participou das definições sobre o Plano Safra em 2015 porque a
lei determina que isso seja feito pelo ministro da Fazenda. “Ora, o que está em
questão são atos que eu sequer participei. Todos atos que são regulares, mas
além disso eu não estive em nenhum deles”, disse.
No discurso, a
presidenta disse ainda que o novo governo não terá condição de “quebrar” todos
os seus programas, mas alertou o público presente de que “eles vão tentar”. Ela
conclamou as pessoas a lutarem pelos seus direitos. “Nós todos temos que lutar
para que não haja retrocesso. Eu tenho de lutar contra o impeachment, e vocês
tem que defender o interesse de vocês. Nós temos que lutar pela democracia”,
disse.
Fonte: Agência Brasil
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