Sem alarde, o governo
interino do presidente Michel Temer (PMDB) pôs fim à participação do Ministério
do Desenvolvimento Social e Agrário na Câmara de Comércio Exterior (Camex). A
medida atinge diretamente milhares de agricultores familiares do país, que deixarão
de ter representação nas negociações internacionais.
Para o líder do PT no
Senado, Humberto Costa (PT), a decisão fragiliza ainda mais o conjunto de
políticas públicas de desenvolvimento da agricultura familiar. “Primeiro,
diminuíram a importância do antigo MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário)
e o fundiram com outra pasta. Agora, os agricultores não vão poder mais ter voz
nas discussões sobre preço agrícolas, importação de alimentos, entre outras
questões. A agricultura familiar tem uma importância gigantesca para o nosso
país. Cerca de 70% da produção de alimentos no Brasil é oriunda da agricultura
familiar. O governo Temer segue buscando aniquilar todos os avanços políticos e
sociais, especialmente os conquistados pelos mais pobres”, denunciou Humberto.
Segundo dados do Governo
Federal, o pequeno agricultor ocupa hoje papel decisivo na cadeia produtiva que
abastece o mercado brasileiro de alimentos. Produtos extremamente consumidos,
como mandioca (87%), feijão (70%), carne suína (59%), leite (58%), carne de
aves (50%) e milho (46%), têm como base este tipo de produção.
“A ONU recentemente
divulgou estudo em que fala da importância da agricultura familiar para a
erradicação da fome. Ela é também responsável por quase 80% dos empregos da
produção agrícola. É fundamental para economia brasileira. Esse é um setor que
precisa de incentivos que fomentem ainda mais a produção de alimentos. Mas o
governo Temer vai na contramão disso. Ele tem mostrado por A mais B que governa
apenas para uma pequena parcela da população: a de brancos e ricos. A mesma que
compõe o seu frágil ministério”, afirmou o senador.
Humberto disse que
estimular a agricultura familiar é fundamental e citou como exemplo a produção
do feijão, que pesou no bolso dos brasileiros nos últimos meses. “A agricultura
familiar é responsável pela maior parte da produção do feijão brasileiro.
Quando a gente não dá representação aos agricultores num órgão tão importante
como a Câmara de Comércio Exterior, preocupa porque questões como a
comercialização desse tipo de alimento ficam de lado”, explicou o senador.
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