O primeiro longa-metragem brasileiro produzido pela
Netflix (serviço de TV pela internet) começa a virar realidade em terras
pernambucanas a partir desta terça-feira (16). A equipe de O matador, dirigido
por Marcelo Galvão (Colegas), dá início às gravações da segunda fase do filme
no distrito de Cimbres, em Pesqueira, cidade agrestina distante 214 quilômetros
do Recife.
O cineasta está no município acompanhado de parte do
elenco, de integrantes da produção e do ator principal da obra, o português
Diogo Morgado (Filho de Deus). “Como a trama é bastante dinâmica, com as
histórias se envolvendo num contexto arcaico, achamos que Pesqueira reunia as
condições mais favoráveis para as gravações. Todo o roteiro foi inspirado nas
paisagens pernambucanas. A Netflix me deu uma liberdade criativa sem
precedentes, além de uma plataforma global que vai permitir que a minha
história seja contada para pessoas ao redor do mundo ao mesmo tempo. Como
cineasta, é uma chance única”, diz Marcelo.
A região já serviu de locação para dois filmes com DNA
pernambucano: A luneta do tempo, de Alceu Valença, e Big
jato, de Cláudio Assis, inspirado em livro homônimo do escritor Xico Sá.
A produção da Netflix será espécie de faroeste ambientado
entre as décadas de 1910 e 1940, período marcado pela atuação destacada do
cangaço nas entranhas nordestinas. O filme joga luz sobre a história fictícia
de Cabeleira (Diogo Morgado), um matador temido da região, criado pelo
cangaceiro Sete Orelhas (Deto Montenegro, de Colegas) depois de ser achado
ainda bebê abandonado na caatinga. A busca dele pelo “pai adotivo”,
desaparecido em um crime encomendado pelo poderoso local, o estrangeiro
Monsieur Blanchard (interpretado pelo francês Etienne Chicot, do filme O
código Da Vinci), movimenta a trama.
“Sete Orelhas não voltará após uma de suas andanças. E
Cabeleira decide procurá-lo até encontrar a civilização pela primeira vez. Só
que ele descobrirá um mundo novo, um território onde a lei é baseada no sangue,
comandado pelo comércio de pedras preciosas na região, chefiado pelo francês
Blanchard. É Blanchard quem manda assassinar Sete Orelhas”, adianta.
A história guarda semelhanças – no nome do protagonista,
por exemplo – com a narrativa do romance regionalista do cearense Franklin
Távora, O Cabeleira, de 1876. Pioneiro no estilo no Nordeste, o livro
conta a trajetória dos precursores do cangaço na região. Mas, segundo o diretor,
a saga não se inspirou na obra literária, embora contenha elementos típicos
associados a Pernambuco e à região.
“Toda a trama é totalmente fictícia, até mesmo o contexto
socioeconômico. Na época em que se passa história, a moeda é justamente a
turmalina, uma pedra que é amplamente comercializada em Pernambuco e na
Paraíba. Não existe dinheiro em espécie. Por ser uma terra sem lei, o comércio
é dominado por um gringo, mostrando uma atmosfera de violência. Cabeleira não
tem qualquer referência sobre educação, valores e civilização, já que cresceu
em uma mata”” explica Galvão, que está no sexto longa-metragem de ficção.
Parte dos atores do eixo principal da trama está em
Pesqueira, com exceção do grupo que iniciou as gravações duas semanas atrás, em
São Paulo. As filmagens no Agreste se estenderão até o dia 8 de setembro e irão
se concentrar, além de Cimbres, em mediações do distrito de Papagaio. Toda a
equipe de figurantes, informa o diretor Marcelo Galvão, é formada por moradores
locais.
A Netflix não confirma o valor da produção. Quando
finalizado, o longa vai mostrar aspectos da cultura e da paisagem do Nordeste
brasileiro para mais de 190 países nos quais ela opera. Ainda não há uma data
definida para o lançamento do longa, mas o serviço de streaming prevê a estreia
no catálogo no segundo semestre de 2017.
Fonte: Diário de Pernambuco
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