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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Agricultora assume função de pedreira como alternativa de trabalho no Sertão do Pajeú



Mulheres já não temem mais trabalhos que há séculos são realizados por homens, e nem se intimidam com eles. O trabalho é pesado, mas Luzia Simões, de 46 anos, não reclama. É como pedreira na construção de fogões agroecológicos que a agricultora entrou no tradicional reduto masculino. “A mulher tem a mesma capacidade de fazer o serviço que o homem”, ela diz.

A vontade partiu de uma formação para a construção de fogão agroecológico realizada pela Casa da Mulher do Nordeste, através do projeto Mulheres na Caatinga, que contou com o apoio do Programa de Pequenos Projetos Ecossociais (PPP-ECOS), gerenciado pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). Luzia Simões é uma das agricultoras beneficiadas que participou da formação, que além de receber a tecnologia em sua casa, também construiu 18 fogões em vários municípios do Sertão do Pajeú. A pedreira leva um dia para executar o trabalho, e se diz caprichosa no serviço. “Essa última semana estava em Canudos, a família me recebe bem mas os homens sempre ficam curiosos com o trabalho feito por uma mulher”, disse. Para a Casa da Mulher do Nordeste, que possibilitou a formação para todas as mulheres que receberam a tecnologia nos últimos 2 anos, ao todo 78 agricultoras, esse é o caminho para a geração de renda e autonomia das mulheres. O fogão agroecológico apresenta-se como uma alternativa na melhoria da qualidade de vida, não só possui um melhor rendimento da lenha e maior aproveitamento do calor liberado pela lenha que o modelo de fogão a lenha convencional. Possibilita a discussão da divisão sexual do trabalho doméstico, como também gera renda para as mulheres na construção da tecnologia.

Casada há 26 anos, Luzia tem 7 filhos, e todos eles tem orgulho do trabalho realizado por ela, que ainda divide o tempo com a agricultura familiar. Nas conversas durante as construções, ela percebe que as mulheres tem vontade de aprender e as motiva, mas se queixam com a falta de tempo e também pelo serviço pesado. E sonha em aprender a construir outras tecnologias. “Ainda quero aprender a construir cisternas, esse é meu próximo passo”, reafirmou.

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