Em entrevista à emissora Al Jazeera, do Catar,
divulgada nesta quinta-feira, a ex-presidente Dilma Rousseff definiu
Michel Temer como “um presidente ilegítimo”, que a traiu politicamente. A
petista teve uma conversa com o jornalista Mehdi Hasan, marcada por momentos
de irritação, na qual comentou o processo de impeachment e
mencionou a participação do “machismo e da misoginia” em sua saída. A informação está na Veja.
Ao ser questionada sobre sua confiança declarada em Temer
no passado, Dilma afirmou que o atual presidente assumiu o cargo através
de “um processo baseado em rasgar a Constituição”, transformando “uma votação
do Senado em um mecanismo de chegada ao poder”. “As pessoas fazem maus
julgamentos”, disse a petista. “Eu jamais imaginei que ele fosse um traidor e
ele é um traidor”.
A tensão teve seu ápice na entrevista quando Dilma
questionou informações de Hasan, que indicou que seu governo ajudou grandes
empresas com o corte de meio bilhão de dólares de impostos, relacionados à Copa
do Mundo e à Olimpíada. “Está errado seu dado”, insistiu Dilma. Segundo ela, se
tratou de uma política de “incentivo ao investimento”, para que as empresas
contratassem mais funcionários ou evitassem demissões.
Acerca do processo de
impeachment, Dilma culpou “três forças políticas” por corroborarem para sua
queda: “a mídia oligopolista”, “a oposição que nós derrotamos quatro vezes nas
urnas” e os “segmentos descontentes do empresariado brasileiro”. Além disso, a ex-presidente
disse ter visto um “processo de misoginia e machismo”. “Eu fui transformada em
uma mulher dura, extremamente dura”, comentou. “Homem é firme, mulher é dura.
Homem é determinado, a mulher é cabeça dura e só faz isso”.
Dilma ainda lembrou o
episódio em que foi criticada por supostamente “matar” seu cachorro de 14 anos,
antes de deixar o Palácio do Planalto. Segundo ela, a decisão de sacrificar o
animal de estimação, que tinha uma doença terminal, foi postergada o máximo
possível. “Aí foi dito o seguinte: ‘Ela mata cachorro'”, criticou a
petista. “Tem um processo de desumanização sobre mim muito forte”.
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