O pastor Silas Malafaia é alvo de mandado de condução coercitiva no âmbito da Operação Timóteo, deflagrada na manhã desta sexta-feira (16), pela Polícia Federal. O diretor do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), Marco Antonio Valadares Moreira, e a mulher dele foram presos pela PF.
A ação dos federais
ocorre em 11 Estados (BA, DF, GO, MT, MG, PA, PR, RJ, RS, SC, SE e TO) e no
Distrito Federal. Os policiais fazem buscas e apreensões em 52 diferentes
endereços relacionados com uma organização criminosa investigada por um esquema
de corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral (65% da
chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais tem como
destino os municípios).
Malafaia teria
recebido valores do principal escritório de advocacia responsável pelo
esquema. A suspeita a ser esclarecida pelos policiais é que o líder religioso
pode ter "emprestado" contas correntes de uma instituição religiosa
sob sua influência com a intenção de ocultar a origem ilícita dos valores. A
assessoria de imprensa do pastor foi procurada, mas afirmou não ter
conhecimento da condução coercitiva de Malafaia.
A Operação Timóteo começou
ainda em 2015, quando a então Controladoria-Geral da União enviou à PF uma
sindicância que apontava incompatibilidade na evolução patrimonial de um dos
diretores do DNPM.
Em nota, a Polícia
Federal informou que, além das buscas, os 300 policiais federais envolvidos na
Operação Timóteo também cumprem, por determinação da Justiça Federal, 29
conduções coercitivas, quatro mandados de prisão preventiva, 12 mandados de
prisão temporária, sequestro de três imóveis e bloqueio judicial de valores
depositados que podem alcançar R$ 70 milhões.
O juiz Ricardo Augusto
Soares Leite, da Justiça Federal de Brasília, determinou ainda que os
municípios se abstenham de realizar quaisquer atos de contratação ou pagamento
aos três escritórios de advocacia e consultoria sob investigação.
As provas recolhidas
pelas equipes policiais devem detalhar como funcionava um esquema no qual um
Diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral detentor de informações
privilegiadas a respeito de dívidas de royalties oferecia os serviços de dois
escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria a municípios com créditos
de CFEM junto a empresas de exploração mineral.
De acordo com a PF, o
esquema se dividia em ao menos quatro grandes núcleos: o núcleo captador,
formado pelo diretor do DNPM e sua mulher, realizava a captação de prefeitos
interessados em ingressar no esquema; o núcleo operacional, composto por
escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria em nome da esposa do
Diretor do DNPM, que repassava valores indevidos a agentes públicos; o núcleo
político, formado por agentes políticos e servidores públicos responsáveis pela
contratação dos escritórios de advocacia integrantes do esquema; e o núcleo
colaborador, que se responsabilizava por auxiliar na ocultação e dissimulação
do dinheiro.
O nome da operação é
referência a uma passagem do livro Timóteo, integrante da Bíblia Cristã:
"Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos
desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e
na destruição". (Com Estadão Conteúdo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário