Jconline
“Imagine o Brasil ser
dividido e o Nordeste ficar independente”. Os versos de Ivanildo Vilanova e
Bráulio Tavares, que ficaram famosos na voz de Elba Ramalho, é o desejo de um
grupo de estudiosos do tema, sediado no Recife. Porém, ao contrário da música,
que exalta principalmente a cultura da Região, sugerindo um jangadeiro para
senador e um homem da roça como suplente, um cantador na presidência e o
vaqueiro liderando partido político, o movimento separatista tem,
principalmente, razões econômicas.
A ideia surgiu no final
da década de 1980, em uma turma de mestrado de Economia da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE). Na época, eram cerca de 15 pessoas que defendiam a ideia.
Hoje, são cerca de sete pessoas engajadas em Pernambuco e cerca de 50 no Nordeste,
algumas de fora do grupo inicial. “É um grupo pacifista que quer debater o
assunto e mostrar para o Nordeste que a melhor via seria a separação completa,
uma ruptura radical e a constituição de um novo país”, explica um dos líderes
do movimento, o engenheiro e professor de economia do meio ambiente da UFRPE,
Jacques Ribemboim, que no pleito de 2016 foi candidato a vice na chapa de
Carlos Augusto Costa (PV), na disputa pela Prefeitura do Recife. A dupla
alcançou 0,62% dos votos.
O debate ressurge após a
publicação, na semana passada, pelo JC, de uma matéria sobre o grupo de Estudo
e Avaliação Pernambuco Independente (Geapi), que quer a independência de
Pernambuco em relação ao restante do Brasil.
O engenheiro citou que,
há pelo menos 120 anos, o Nordeste sofre um processo de neocolonialismo interno
que, para ele, é mais grave do que o colonialismo tradicional, com ocupação
militar e retirada de bens. No neocolonialismo, explicou, a exploração se dá
mais na troca de relações comerciais. “Há essa troca desigual, levando matéria
prima e mão de obra abaixo dos valores praticados no mercado internacional e em
troca nos devolve os produtos manufaturados e industrializados a preços muito
mais altos. O Nordeste, enquanto independente, poderia romper essa questão para
negociar direto no mercado internacional e com outros países”, explicou. Para
ele, o modelo atual beneficia apenas o crescimento da Região Sudeste em
detrimento do Nordeste.
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