Quase 40% da água tratada no país é perdida por causa de vazamentos nas tubulações, ligações clandestinas e erros de medição. É o que aponta um estudo do Instituto Trata Brasil. De acordo com os dados do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS) de 2015, que são os mais recentes e foram divulgados em janeiro deste ano, o índice nacional de perda de água na distribuição é de 36,7%. Em 2011, era de 38,8% – o que significa uma evolução muito lenta para diminuir o desperdício no país, de apenas 2,1 pontos percentuais em quatro anos.
O estudo do Trata Brasil
destaca ainda o desempenho das 100 maiores cidades do país em comparação com a
média nacional. Segundo Édison Carlos, presidente do instituto, estas cidades
deviam puxar o crescimento do país, já que têm estruturas públicas e privadas
mais bem desenvolvidas e porque abrangem cerca de 40% da população do Brasil.
As diferenças entre os índices nacionais e os dessas cidades, porém, são
poucas. O índice de perda de água é de 37,8%, contra os 36,7% nacionais, e a
melhora entre 2011 e 2015 foi semelhante – 2 pontos percentuais.
“São grandes aglomerados
com capacidade de investimento, de fazer projetos, com corpo de engenharia,
estão esperávamos que estas 100 cidades fossem a locomotiva do país. Os números,
porém, mostram que não, que nem as capitais estão conseguindo fazer o papel de
melhorar mais rapidamente os indicadores de água e esgoto”, afirma Édison
Carlos. “Se essas cidades não estão conseguindo, imagina os municípios menores,
que têm piores estruturas.”
O único índice que
avançou muito mais nas grandes cidades que no restante do país foi o de coleta
de esgoto. A cobertura nacional é de apenas 50,3% da população – o que
significa que mais de 100 milhões de pessoas utilizam medidas alternativas para
lidar com os dejetos, seja através de uma fossa, seja jogando o esgoto
diretamente em rios. Já nas 100 maiores cidades, a cobertura é de 71,1%.
Segundo Édison, isso
acontece por conta da grande concentração da população nas grandes cidades, já
que uma única rede de esgoto construída atende um número elevado de pessoas e,
consequentemente, causa aumentos significativos nos indicadores. Isso é
diferente do que acontece no resto do país, pois uma rede vai atender apenas
uma pequena quantidade de pessoas em uma cidade pequena.
O presidente do Trata
Brasil cita o caso de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, que
passou de 5% em 2008 para 100% em 2015 no tratamento de esgoto principalmente
por causa da construção e do funcionamento de uma estação. “Os esforços feitos
nessas grandes cidades elevam os indicadores de uma forma mais rápida. É um
ponto positivo, mas ainda é pequeno para o problema do saneamento do país”,
afirma.
Apesar disso, segundo o
estudo, o pior indicador de cobertura entre as maiores cidades é o de
tratamento de esgoto. Apenas 21% dessas cidades tratam mais de 80% de seu
esgoto. Outros 21% tratam menos de 20%. Além de São José do Rio Preto, apenas 5
das 100 cidades reportaram tratar todo o esgoto – Campina Grande (PB), Jundiaí
(SP), Limeira (SP), Niterói (RJ) e Piracicaba (SP). Já quatro não tratam nada:
São João do Meriti (RJ), Santarém (PA), Governador Valadares (MG) e Porto velho
(RO).
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