Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
A nova
lista de Janot lança ao menos cinco ministros de Estado, os
presidentes da Câmara e do Senado e os últimos dois presidentes da República
numa corrida pela sobrevivência. O material provocará mais baixas num sistema
político que já vive há dois anos sob ameaça permanente da Lava Jato.
A megadelação da Odebrecht atinge em cheio o governo
Temer. Os dois ministros mais próximos do presidente, Eliseu Padilha e Moreira
Franco, devem passar à condição formal de investigados. Os peemedebistas
tentarão se agarrar nos cargos para não perder o foro privilegiado.
A Procuradoria também pediu a abertura de inquéritos
contra dois ministros do PSDB: Aloysio Nunes e Bruno Araújo. Os senadores José
Serra e Aécio Neves, que ainda sonham em disputar a Presidência, reforçam o
grupo de tucanos na berlinda.
No Congresso, a lista de delatados é encabeçada pelos
presidentes Rodrigo Maia, do DEM, e Eunício Oliveira, do PMDB. Eles estão entre
dezenas de parlamentares que precisarão se defender no Supremo.
Apesar da artilharia contra o Planalto, o PT não tem
motivos para festejar. Os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff e os ex-ministros
Antonio Palocci e Guido Mantega também entraram na mira de Janot e serão
investigados na primeira instância.
Antes de conhecer a lista completa, a cúpula do novo
regime já buscava rotas de fuga. A primeira aposta é ressuscitar a anistia ao
caixa dois, embalada numa reforma política de ocasião. Nesta quarta (15), Temer
receberá Maia, Eunício e o ministro Gilmar Mendes para discutir o assunto.
Pouco antes de as delações chegarem ao STF, um ministro
do governo comparou seu impacto ao de uma bomba nuclear. "Agora só dá para
ver o cogumelo de fumaça. Vamos esperar para saber quem morreu, quem ficou
ferido e quem tem chance de escapar", disse. O ministro comentou que
esperava não ser lembrado por Janot. Em seguida, levantou-se e bateu três vezes
na madeira.
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