“Foi bom por que vi o quintal de Dona Soledade que
trabalha com grande diversidade, é fruta, hortaliças, plantas medicinais. E vê
como a gente pode fazer de tudo um pouco”, com essa frase, a agricultora
Edleuza Balbino, 53 anos, da comunidade de Lagoa do Almeida, de Santa Cruz da
Baixa Verde, expressa seu sentimento quanto ao intercâmbio realizado para troca
de experiências entre agricultoras de vários municípios do Sertão do Pajeú, em
Pernambuco. O intercâmbio é parte das iniciativas do Projeto de Implantação
e Expansão de Quintais Produtivos da Fundação Banco do Brasil executado pela
Casa da Mulher do Nordeste que, junto com as agricultoras da região, está
contribuindo na convivência com o semiárido.
Neste último mês, já foram realizados 3 intercâmbios que
tem como objetivo conhecer as experiências exitosas da região na área de
quintais produtivos, sistema agroflorestais e reuso da água. Com a
participação de aproximadamente 57 pessoas, as visitas foram acompanhadas pela
educadora técnica Eliane Vieira da Casa da Mulher do Nordeste com a
participação de grupos auto-organizados de mulheres que integram o projeto.
Este grupo se dividiu para conhecer três experiências nas cidades de Triunfo,
Santa Cruz da Baixa Verde e Ingazeira.
A segunda visita ocorreu na comunidade de Sítio Souto, em
Triunfo, nesse as participantes conheceram um sistema agroflorestal
desenvolvido pela agricultora Alaide Martins, de 55 anos. As participantes
entraram em contato com uma grande variedade de plantas e elementos que fazem
parte do sistema no sítio de Alaide. Ela conta que iniciou em 2005, com a
assessoria da ONG Centro Sabiá, e hoje encontramos na sua propriedade plantas
nativas como Jucá, Mororo, Ipê, Murungu, Canasistula, Flamboiã, e frutíferas,
como cajueiro, manga, goiba, acerola, maracujá, graviola, umbu e cajá. Ao todo
são mais 300 espécies. Além disso, ela também apresentou a tecnologia da
Cisterna Calçadão, que serve para água de produção. “Conseguimos salvar algumas
plantas da seca que há 6 anos nos persegue. Plantamos fruteiras em volta da
cisterna e alguns canteiros e hortas”, disse. A agricultora Alaide também
reaproveita as frutas com o beneficiamento de polpas que extrai do seu sistema
agroflorestal, e comercializa para a família, comerciantes e restaurantes em
Triunfo e Flores, contribuindo para a renda da família. Quando está com sua
produção em alta, ela consegue vender para 60 clientes. “No momento a produção
está pequena pela falta de água”, explicou.
Já para a jovem vice-presidente da Associação Lutando
pelo Desenvolvimento, Márcia Valéria, de 27 anos, da comunidade de Gameleira,
município de Itapetim, foi interessante trocar experiência para conhecer outras
mulheres e realidades. “Fomos em grupo e conhecemos o grupo de lá. Aqui fazemos
mudas para o reflorestamento, com viveiro coletivo, de plantas nativas e
frutíferas. Lá todos os grupos passam por dificuldade de união e o nosso não
tem essa dificuldade. Aprendemos com elas a experiência de fazer coleta de
lixo, e vamos começar a fazer aqui em nossa comunidade”, disse.
Ao final, participantes avaliaram os intercâmbios como
importante momento de conhecer experiências que elas não imaginavam que
existisse. O intercâmbio é uma metodologia de vivência que possibilita a
agricultora de ver na prática experiências de outras tantas mulheres,
despertando a curiosidade e o interesse para fazer também seus próprios
experimentos nos quintais e no seu território.
Fonte: Assessoria de Comunicação da Casa da Mulher do
Nordeste
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