A jornalista Claire
Gatinois diz que diante do processo da Lava Jato, que se aproxima cada vez mais
do presidente Michel Temer, o chefe de
Estado parece estar tentado se proteger de uma possível acusação. No
entanto, a tática não está passando despercebida, comenta a correspondente,
lembrando que Temer teve até que fazer, em meados de fevereiro, uma coletiva
para garantir “o governo federal não tenta proteger ninguém”.
No entanto, lembra a
jornalista, o presidente ressaltou durante essa coletiva que apenas um
indiciamento justificaria a demissão de um de seus ministros. “E como os
processos são muito lentos no Brasil”, relata Le Monde, com uma média de
14 meses de espera para os casos envolvendo políticos no poder, o governo Temer
estaria protegido até o final de seu mandato, em 2018.
“Muitíssimo
impopular, Temer não para de dar sinais ambíguos”, analisa a
jornalista. Ela relata, por exemplo, a escolha recente de Alexandre de
Moraes para o Supremo Tribunal Federal. A correspondente explica que
o ex-ministro é conhecido por sua simpatia pelo presidente, o que suscita
questões sobre sua nomeação. Mesmo se ele não vai herdar todos os processos do
juiz Teori Zavascki,
que cuidava da Lava Jato, Moraes será o revisor do processo no
plenário, comenta o texto.
Tudo vai terminar em
pizza ?
Além disso, continua o
vespertino francês, a reputação linha-dura de Moraes, que deu a entender que
defendia a tortura, além do fato de ter apoiado o ex-presidente da Câmara,
Eduardo Cunha, não ajudam a melhorar sua imagem. Seguem ainda as escolhas de Osmar
Serraglio , que substitui Alexandre de Moraes e defendeu a destituição de Dilma
Rousseff, e de Moreira Franco, que já foi citado dezenas de vezes na Lava Jato,
continua relata a jornalista.
A correspondente do Le
Monde comenta que todos esses eventos recentes levam o país a se
questionar sobre o peso de Foro Privilegiado. “Um privilégio que se transformou
em uma ferramenta muito cômoda para desacelerar ou até mesmo enterrar algumas
investigações”, pode-se ler nas páginas do jornal francês.
Para dar uma ideia da
impunidade que reino no Brasil, a jornalista tenta explicar aos leitores
franceses a existência daquela famosa expressão no país segundo a qual, uma
hora ou outra, os processos na justiça terminam em pizza. “Se formos ouvir os
mais cínicos, tudo leva a crer que Temer já estaria esquentando a sua pizza
quatro queijos”, escreve a
correspondente do Le Monde. (Msn)
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