Agencia Brasil
Se antecipando a uma possível quebra do sigilo das delações premiadas dos executivos
da Odebrecht, a Presidência do Senado Federal divulgou nota à imprensa hoje
(14) sobre o pedido de abertura de inquérito de 83 pessoas com foro
privilegiado, encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria
Geral da República (PGR). O mesmo movimento foi seguido por diversos partidos
políticos e autoridades.
Apesar de os nomes dos políticos citados pelos delatores
ainda não terem sido divulgados, a nota do Senado adiantou que alguns de seus
membros estão entre eles. “O Senado Federal recebe com absoluta serenidade e
confiança na Justiça o envio ao Supremo Tribunal Federal dos pedidos de
investigação relacionados a alguns de seus integrantes”, diz o texto, assinado
pela assessoria de imprensa da Casa.
A nota prossegue afirmando que “pedidos de investigação
não convertem investigados em réus e nem são sentenças proferidas”, e pede
respeito ao amplo direito de defesa como pedra basilar do Estado Democrático de
Direito. “O Judiciário terá instrumentos de apuração, maturidade e firmeza para
distinguir mentiras ou versões alternativas e a verdade dos fatos”, conclui a
nota.
Partidos
Alguns partidos também decidiram se manifestar
previamente sobre acusações que poderão vir a público envolvendo seus filiados,
caso o STF atenda ao pedido da PGR para a quebra do sigilo. O PMDB informou, em
breve mensagem aos jornalistas, que “apoia as investigações da Lava Jato e
reafirma a necessidade de se esclarecer a verdade dos fatos”.
O PSDB também divulgou nota em que diz que “sempre
defendeu a realização de investigações, pois considera que esse é o melhor
caminho para esclarecer eventuais acusações e diferenciar os inocentes dos
verdadeiros culpados“.
O presidente do partido, senador Aécio Neves (MG), também
comunicou que “buscou apoio para diversos candidatos, sempre dentro do que
determina a legislação, o que ficará provado ao fim das investigações, que ele
considera extremamente importantes”.
Ministros
O ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes
Ferreira, também se antecipou à quebra do sigilo e disse que seus advogados
foram acionados desde a manhã de ontem (13) para requererem “acesso ao conteúdo
da delação da Odebrecht naquilo que poderia dizer-lhe respeito. E não vai se
pronunciar sobre suposta menção ao seu nome até ter conhecimento do teor do
documento”.
Já o ministro das Cidades, Bruno Araújo, informou que “de
acordo com a legislação eleitoral”, solicitou doações para diversas empresas,
“inclusive a Odebrecht, como já foi anteriormente noticiado”. “O sistema
democrático vigente estabelecia a participação de instituições privadas por
meio de doações. Mantive uma relação institucional com todas essas empresas”,
conclui.
A lista oficial com os nomes dos alvos dos pedidos de
inquérito só será conhecida a partir do momento em que o relator da Lava Jato
no STF, ministro Edosn Fachin, conceder a retirada do segredo de Justiça, o
que, segundo a área técnica da Corte, não vai ocorrer antes da próxima
segunda-feira (20), diante do grande volume de material a ser processado. Não
há prazo para que o relator da Lava Jato no STF analise os pedidos nem retire
os sigilos.
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