A defesa da ex-presidente Dilma Rousseff vai
protocolar nesta segunda-feira (17) uma petição no Supremo Tribunal Federal
(STF) usando uma entrevista do presidente Michel Temer à TV
Bandeirantes como prova para contestar o impeachment da petista. Para os
defensores de Dilma, a fala de Temer mostra que o processo de impeachment teve
desvio de finalidade em sua origem.
Dilma foi afastada definitivamente da Presidência da
República no dia 31 de agosto de 2016, por 61 votos a 20 no Senado. Na
entrevista, veiculada na noite deste sábado (15), Michel Temer relembra uma
conversa mantida com o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), na época alvo de um processo por quebra de decoro parlamentar no
Conselho de Ética da Câmara.
Em dezembro de 2015, a bancada do PT na Câmara decidiu
fechar questão contra Cunha no conselho, se posicionando a favor da
continuidade do processo de cassação do peemedebista. Cunha decidiu então
aceitar o pedido de impeachment contra Dilma, feito pelos juristas Hélio
Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaina Paschoal. O peemedebista disse à época que a
aceitação do pedido tinha “natureza técnica”.
“Eu vejo o noticiário, dizendo que o presidente do PT e
os três membros do PT se insurgiram e votariam contra (Cunha). Quando foi 15h
da tarde, ele (Cunha) me ligou e disse: ‘Tudo aquilo que eu disse (de arquivar
os pedidos de impeachment de Dilma) não vale, porque agora vou chamar a
imprensa e vou dar início ao processo de impedimento’”, relatou Temer.
Por 11 a 9, o Conselho de Ética acabou aprovando um
relatório que pedia a continuidade do processo contra Cunha. Para Temer, se o
PT tivesse votado a favor de Cunha, “era muito provável que a senhora presidente
continuasse” no cargo.
Indagado por um repórter se a história teria sido outra
se Cunha tivesse conseguido os três votos do PT no conselho, Temer respondeu:
“Seria outra, é verdade”.
Durante a entrevista, o presidente disse que contou o
episódio para revelar que Cunha não iniciou o processo de impedimento de Dilma
por sua causa. “Eu jamais militei pra derrubar a senhora presidente da
República”, enfatizou Temer.
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