Fotos de um pai apertando os corpos dos filhos gêmeos em
seus braços sintetiza o horror vivido por moradores da província de Idlib, na
Síria, onde ao menos 80 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas após um
ataque com armas químicas nesta terça-feira. O comovente registro do jornalista
Asaad Hanna mostra Abdul Hamid al-Youssef abraçado a Ahmed e Aiya — gêmeos
mortos pelos gases tóxicos. Abdul Hamid perdeu 20 membros da família no ataque,
incluindo a mulher e as duas crianças. Envoltos em lençóis brancos, os filhos
repousavam nos braços do pai, já mortos.
O homem manteve os dois em seu colo e os carregou já sem
vida no carro, durante a viagem que o tiraria da zona de conflito. Ahmed e Aiya
são duas das 20 crianças vítimas do bombardeio, que espalhou o gás tóxico
sarin. A Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou que os pacientes sofriam
sintomas de exposição a agentes neurotóxicos — proibidos como armas de guerra
em acordos internacionais. Vários países atribuem o ataque ao governo da Síria,
que, por sua vez, nega qualquer responsabilidade. Diferentes ONGs que monitoram
o conflito de mais de seis anos no país do Oriente Médio estão denunciando a
ofensiva, e entidades como a ONU e a União Europeia estão se unindo para
condenar o ataque.
Enquanto isso, médicos sírios relatam cenas de horror ao
cuidar das dezenas de vítimas do ataque químico. Segundo as equipes de socorro,
os pacientes atendidos "viram toda a sua vida mudar rapidamente",
enquanto sofriam de desmaios, vômitos e asfixia. Eles apenas acordaram e
descobriram que tudo na sua vida mudou — disse, abalado, o médico Mizar Hassani
à ABC News, segundo quem as crianças não paravam de chorar. — Quando as
recebemos, elas choram. Nós lhes damos medicação e tratamento. E, quando
acordam, choram. Eu não posso continuar... Seus pais e mães morreram. O que
vamos fazer por eles?
Fonte: O Globo.
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