O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou na última quinta-feira (16), por meio de nota, que diante do quadro político atual seria “um gesto de grandeza” do Presidente Michel Temer (PMDB) pedir a antecipação das eleições gerais. No texto, FHC avalia que a situação política nacional tem sofrido “abalos fortes”. Segundo ele, falta “legitimidade” ao Executivo para governar e o país passa por um momento de “anomia”.
“A conjuntura política do Brasil tem sofrido abalos
fortes e minha percepção também. Se eu me pusesse na posição de presidente e
olhasse em volta, reconheceria que estamos vivendo uma quase anomia. Falta o
que os políticólogos chamam de ‘legitimidade’, ou seja, reconhecendo que a
autoridade é legítima consentir em obedecer”, disse o tucano.
As declarações vêm de encontro ao que era defendido, até
então, pelo ex-presidente. À época em que as denúncias da JBS contra Michel
Temer pipocaram, FHC chegou não só a se manifestar contrário à possibilidade de
antecipar o pleito, como classificou a tentativa de golpe. A nota surpreende,
também, porque é a primeira vez que o PSDB se mostra favorável à tese, bandeira
até então era defendida apenas por partidos de esquerda.
“A ordem vigente é legal e constitucional (dai o ter
mencionado como “golpe” uma antecipação eleitoral), mas não havendo aceitação
generalizada de sua validade, ou há um gesto de grandeza por parte de quem
legalmente detém o poder, pedindo antecipação de eleições gerais, ou o poder se
erode de tal forma que as ruas pedirão a ruptura da regra vigente exigindo
antecipação do voto”, diz a nota.
Posicionamento
O posicionamento do ex-presidente vem após o PSDB decidir que continuará na base do governo Temer, mesmo com parte do grupo pressionando pelo desembarque. E expõe ainda mais o racha na legenda. “Se tudo continuar como está, com a desconstrução contínua da autoridade – pior ainda se houver tentativas de embaraçar as investigações em curso – não vejo mais como o PSDB possa continuar no governo”, pontuou.
Fernando Henrique diz, ainda, na nota, que os partidos
precisam deixar de lado seus interesses e pensar no país. “Ou se pensa nos
passos seguintes em termos nacionais e não partidários nem personalistas ou
iremos às cegas para o desconhecido”, ponderou.
“Preferiria atravessar a pinguela, mas se ela continuar
quebrando será melhor atravessar o rio a nado e devolver a legitimação da ordem
à soberania popular”, concluiu o ex-presidente. Para convocar as eleições de
forma antecipada, é preciso alterar a Constituição, utilizando como meio a
proposta de emenda constitucional (PEC) no Congresso.
Via FolhaPE
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