André Richter - Repórter da Agência Brasil
A Polícia Federal (PF) enviou ao Supremo Tribunal Federal
(STF) relatório parcial sobre o inquérito aberto para investigar o presidente
Michel Temer, a partir das delações da JBS. No relatório, o delegado Tiago
Machado Delabary afirma que os indícios colhidos até o momento indicam a
prática de corrupção passiva por parte do presidente. Na Rússia, Temer disse
que não se manifestará sobre o conteúdo do relatório por se tratar de uma
questão jurídica e a defesa dele pediu acesso ao relatório preliminar.
“Diante do silêncio do mandatário maior da Nação e de seu
ex-assessor especial [Rodrigo Rocha Loures], resultam incólumes as evidências
que emanam do conjunto informativo formado nestes autos, a indicar, com vigor,
a prática de corrupção passiva”, diz o delegado no relatório, divulgado pelo
STF.
Além do presidente, também é investigado no inquérito o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Ontem (19), a PF pediu ao ministro Edson Fachin, relator da investigação, mais cinco dias para concluir o inquérito. A PF ainda pretende concluir a perícia nos áudios gravados em conversas de Joesley Batista com o presidente.
No relatório, a polícia diz ainda que Joesley Batista,
dono do grupo JBS, e o diretor de Relações Institucionais da empresa, Ricardo
Saud, cometeram crime de corrupção ativa. Os dois firmaram acordos de delação
premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
Resposta
Sobre o relatório preliminar da Polícia Federal, o
presidente Michel Temer foi questionado pela imprensa durante viagem à Rússia,
mas não comentou o teor do documento: “Vamos esperar. Isso é juízo jurídico”. A
defesa do presidente solicitou ao STF acesso ao relatório parcial da Polícia
Federal. O presidente nega as acusações feitas por Joesley e entrou com uma
ação contra o empresário por calúnia e difamação.
Investigação
No início do mês, a investigação já tinha sido prorrogada
pela primeira vez a pedido da PF, que alegou necessidade de mais tempo para
concluir as investigações, iniciadas a partir das citações do nome do
presidente nas delações dos executivos da JBS.
Na sexta-feira (9), o advogado Antônio Mariz de Oliveira,
representante de Temer, informou ao ministro que o presidente decidiu não
responder às perguntas enviadas pela Polícia Federal no inquérito. Além disso,
a defesa pediu o arquivamento das investigações e fez críticas ao teor do
questionário enviado pelos delegados.
Para a defesa de Temer, o questionário é um “acinte à sua
dignidade pessoal e ao cargo que ocupa” e atenta contra os “direitos
individuais inseridos no texto constitucional”. “O presidente e cidadão Michel
Temer está sendo alvo de um rol de abusos e de agressões aos seus direitos
individuais e à sua condição de mandatário da nação que colocam em risco a
prevalência do ordenamento jurídico e do próprio Estado Democrático de
Direito”, destaca o documento.
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