Crítico da reforma trabalhista do presidente não eleito
Michel Temer (PMDB), o líder da Oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE),
lamentou, na noite desta terça-feira (17), a aprovação da “nefasta” proposta e
afirmou que a Casa perdeu a chance de respeitar os trabalhadores brasileiros ao
enterrar os seus direitos de uma só vez, atendendo aos interesses exclusivos do
governo e do empresariado.
A matéria, que não recebeu qualquer alteração no Senado
devido ao trator governista, foi aprovada, por 50 votos a 26, e segue para
sanção presidencial. “O Senado ficou de joelhos para Temer e de costas
para o povo. Infelizmente, apesar de toda a nossa luta e da forte rejeição
popular, esta Casa jogou sobre os trabalhadores e o povo a responsabilidade
para resolver a crise. Retiramos direitos e conquistas sociais de décadas,
diminuindo a rede de proteção social, precarizando as relações de trabalho e
criando mais condições de ampliar a taxa de lucro dos empresários brasileiro”, afirmou.
Ele ressaltou que o Congresso Nacional abriu mão de suas
prerrogativas com a ratificação da medida do Palácio do Planalto, segue dando
sustentação a um governo moribundo que nada tem nada a apresentar ao país e que
tenta se manter no poder com essas reformas absurdas.
O parlamentar lembrou que, mesmo diante das diversas
tentativas da oposição para modificar o texto, na tentativa de amenizar os
efeitos sobre os trabalhadores, o Senado comprou a mentira de que o país vai
gerar mais empregos a partir da reforma.
Em defesa dos trabalhadores, senadoras da oposição
ocuparam, nesta terça, a Mesa Diretora da Casa para impedir a apreciação da
reforma. De forma absolutamente inédita, o presidente do Senado, Eunício
Oliveira (PMDB-CE), mandou desligar a luz e o ar-condicionado e cortar os
microfones do plenário até que assumisse o comando dos trabalhos. A suspensão
da sessão durou mais de 6 horas.
Humberto disse que o país viveu hoje mais uma etapa do
golpe parlamentar aplicado sobre o Brasil no ano passado, quando a presidenta
Dilma foi destituída do poder sem ter cometido qualquer crime. Para o senador,
os cidadãos tiveram a oportunidade hoje, infelizmente, de ver as causas do
golpe desnudas, ao vivo e a cores.
“O golpe foi dado para acabar com a corrupção, mas nunca
vimos um governo tão corrupto; foi dado porque havia desemprego, mas no último
ano adicionamos mais 2,5 milhões de desempregados; foi dado para equilibrar as
contas públicas, mas temos um gravíssimo quadro fiscal. Enfim, vimos o
contrário: o governo Temer conseguiu recolocar o Brasil no mapa da fome
mundial”, disse.
O líder da Oposição ainda fez questão de registrar, em
seu discurso, que a reforma de Temer não foi defendida no plenário por nenhum
membro do PSDB, do PSD e do DEM, que compõem a base aliada do governo. De
acordo com o parlamentar, esses partidos se escondem da população porque não
querem mostrar que estão comprometidos com as perdas de direitos.
“O povo não é bobo e por isso está frontalmente contra a
reforma. Quem tem carteira assinada, com todos os seus direitos preservados,
vai perdê-los forçadamente para se tornar um autônomo exclusivo ou ser
contratado no formato de trabalho intermitente ou ainda terceirizado. É um
verdadeiro absurdo”, detonou.
Assessoria do Senador
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