Foto: Brasil247
Cumprindo o combinado, o
peemedebista voltou à China na quinta-feira. A estadia, que vai durar sete
dias, inclui uma visita oficial na capital Pequim e também a participação no
encontro dos Brics (grupo que reúne, além do Brasil, China, Rússia, Índia e África
do Sul) na cidade de Xiamen, no sudeste do país. Segundo o Itamaraty, os dois
chefes de Estado devem discutir oportunidades de investimentos e assinar
acordos bilaterais.
Mas a viagem não tem
apenas um caráter cerimonial: Temer vai se esforçar a todo custo para vender
aos chineses os projetos de concessões e privatizações que se tornaram uma das
principais marcas de seu governo.
O objetivo é levantar
dinheiro suficiente para aliviar as contas públicas ─ só neste ano a
expectativa é de que o rombo fiscal (a diferença entre as receitas e as
despesas) chegue a R$ 159 bilhões.
Só com o último pacote
de desestatização anunciado na semana passada, que envolve 57 projetos e será
implementado nos próximos anos, o governo espera arrecadar até R$ 44 bilhões.
Em setembro do ano passado, já havia sido anunciado um plano para privatizar
outros 34 ativos de controle estatal.
É neste contexto que a
China aparece como um potencial comprador. Com um apetite voraz, o gigante
asiático está de olho em oportunidades de investimento ao redor do mundo que
possam sustentar o crescimento de sua economia.
Além disso, como poucos
países no mundo, a China tem capital de sobra ─ estatal, em sua maioria ─ para
investir em grandes projetos que demandam vultosos recursos e cujo retorno pode
vir em um prazo mais longo. Soma-se a isso a queda nos preços dos ativos
brasileiro por conta da crise e a equação se fecha.
Investimentos
A presença do país na
América Latina vem crescendo desde 2008. Em 2010, o Brasil foi destino de um
quarto de todas as aquisições chinesas no exterior, US$ 12,5 bilhões, segundo
dados da consultoria Dealogic. O percentual recuou nos anos seguintes e ganha
fôlego desde 2015, quando a recessão barateou os ativos brasileiros. No
acumulado até agosto de 2017, o Brasil respondeu por 6,6% das fusões e
aquisições feitas por capital chinês, um total de US$ 7,3 bilhões.
Os setores de
infraestrutura e de energia estão entre os que mais têm recebido recursos do
país. A estatal chinesa State Grid, maior empresa do setor elétrico do mundo,
desembarcou no Brasil em 2010 e hoje é dona, por exemplo, da CPFL energia. A
China Three Gorges (CTG), outra estatal, que opera a hidrelétrica de Três
Gargantas, chegou em 2013 e já é a segunda maior geradora do país.
Além de investidora, a
China é também importante parceiro comercial. É o principal destino das
exportações brasileiras, de 24,3% dos US$ 126 bilhões embarcados entre janeiro
e julho de 2017. Em segundo lugar vem os Estados Unidos, que responde por cerca
de 12% do total acumulado no ano.
Entre os ativos que o
governo espera vender ou conceder em outorgas aos chineses e que serão
apresentados durante a visita há aeroportos, portos, rodovias e ferrovias. A
Eletrobras também será oferecida, mas por meio da emissão de novas ações na
bolsa, que vai diluir a participação da União. A Casa da Moeda, órgão que
confecciona as notas de real, ficará de fora desta rodada de oferta.
"Estamos levando à
China não só ideias, mas investimentos críveis. Eles (chineses) já demonstraram
interessem em vários projetos nossos", diz à BBC Brasil Adalberto
Vasconcelos, secretário especial do Programa de Parceria e Investimentos (PPI),
órgão criado pelo governo Temer em setembro do ano passado "ampliar e
fortalecer a relação entre o Estado e a iniciativa privada".
"O Brasil tem sido
bastante atrativo, a despeito do momento econômico e político pelo qual passa.
Estamos preocupados em oferecer aos usuários uma boa prestação de serviços, e
comprometidos com a geração da renda e do emprego, mas sem abrir mão da qualidade
técnica dos estudos", acrescenta. (Msn.com)
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