Um novo teste de sangue e urina pode levar ao diagnóstico precoce em crianças de distúrbios do espectro autista (ASD, na sigla em inglês), muitas vezes difíceis de serem identificados. O estudo de pesquisadores da universidade britânica de Warwick, considerado o primeiro do tipo, foi publicado nesta segunda-feira (19/2) na revista Molecular Autism. A principal expectativa dos especialistas do Reino Unido é de que, com o diagnóstico, as crianças possam receber tratamento e acompanhamento adequado com mais antecedência.
De acordo com o estudo, foi encontrado um vínculo entre
os distúrbios do espectro autista e danos às proteínas no plasma sanguíneo. No
exame do plasma, os especialistas descobriram que as crianças com ASD
apresentaram níveis mais elevados de uma substância chamada ditrosina de
oxidação (DT) e certos compostos modificados com açúcar, denominados produtos
finais de glicação avançada (AGEs). As mudanças em vários compostos foram
combinadas usando técnicas de algoritmo de inteligência artificial para
desenvolver uma equação matemática para distinguir entre ASD e controles
saudáveis. O resultado foi um teste de diagnóstico melhor do que qualquer
método existente.
A equipe britânica trabalhou em conjunto com
pesquisadores da Universidade de Bolonha, na Itália. Lá, 38 crianças foram
acompanhadas, às quais tinham sido diagnosticadas problemas de autismo,
juntamente com um grupo de controle de 31 crianças, entre 5 e 12 anos. Amostras
de sangue e urina foram retiradas das crianças para análise.
Causas genéticas, mutações e meio ambiente
Acredita-se que causas genéticas sejam responsáveis por
cerca de um terço dos casos deste tipo de distúrbio, enquanto o resto é causado
por uma combinação de fatores ambientais, mutações e variantes genéticas raras.
Os cientistas, no entanto, acreditam que os novos testes podem revelar as
causas do ASD ainda a serem identificadas. Eles também confirmaram a crença de
que as mutações dos transportadores de aminoácidos são uma variante genética
associada ao ASD.
Eles devem repetir o estudo com outros grupos de crianças
para confirmar o bom desempenho do diagnóstico e para avaliar se o teste
poderia identificar ASD em estágios ainda mais precoces, além de indicar como o
ASD provavelmente se desenvolverá para doenças mais graves e avaliar se os
tratamentos estavam funcionando. "Com testes adicionais, podemos revelar
perfis específicos de plasma e urinário - ou 'impressões digitais' de compostos
com modificações prejudiciais. Isso pode nos ajudar a melhorar o diagnóstico de
ASD e aponta o caminho para novas causas de ASD, a docente de Biologia
Experimental Naila Rabbani, que lidera a pesquisa na Universidade de Warwick.
Os transtornos do espectro autista afetam principalmente
a interação e a comunicação social. Os sintomas incluem distúrbios de fala,
comportamento repetitivo e/ou compulsivo, além de hiperatividade, ansiedade e
dificuldade na adaptação a novos ambientes e rotinas. Com uma ampla gama de
sintomas, com variados graus de comprometimento, o diagnóstico é uma verdadeira
via crucis para os pais e pacientes. As incertezas ocorrem particularmente nos
estágios iniciais de desenvolvimento da criança. Por: Correio Braziliense
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