Tabaqueiro. Você pode até nunca ter ouvido falar, mas se
perguntar sobre ele em Afogados da Ingazeira, no Sertão do Estado, a 370
quilômetros da capital, vai saber que é sinônimo de folia. Os tabaqueiros são
os personagens típicos do Carnaval da cidade e alegram as ruas da cidade com
seu colorido e disposição.
Eles surgiram por volta da década de 60, na mesma época
em que começou o carnaval de rua em Afogados da Ingazeira. “No começo eles eram
chamados de papangus, mas com o tempo eles incorporaram à fantasia um pequeno
recipiente feito chifre de bode ou boi, onde dentro ficava o rapé, aquele fumo
torrado e muído que o pessoal inala. Daí como eles ofereciam o produto para as
pessoas mais velhas quando chegavam nas residências passaram a ser chamados de
tabaqueiros, tudo por conta da caixinha de fumo que levavam”, contou o artista
plástico Beijamim Almeida.
De acordo com ele, depois o termo também foi adquirindo
outro sentido. “Com o passar do tempo, tabaqueiro acabou virando sinônimo de
tudo que era feio ou chato, porque eles assustavam algumas crianças e ficavam
atazanando o juízo das pessoas”, explicou Beijamim.
Não existe uma vestimenta padrão propriamente dita. Eles
usam máscaras diversas e fantasias coloridas que cobrem o corpo inteiro, muitas
vezes até com luvas, para não serem identificados. Em comum, os chocalhos
presos nas cinturas e um chicote, assim como os caretas de Triunfo. Ou seja,
por onde passam é aquela barulheira.
FAMÍLIAS
A brincadeira é adotada por famílias inteiras, como a do
operador de sistemas Douglas Pires, de 30 anos, que sai de tabaqueiro junto com
o filho de sete. “Sou afogadense com orgulho e o tabaqueiro é a figura
tradicional da nossa cidade. Então vestir essa fantasia é engrandecer o nome da
cidade e da nossa cultura. Sinto um prazer enorme de sair assim, quando eu
coloco essa roupa sinto um prazer que nem sei explicar. Só quem é tabaqueiro
sabe”, afirmou Douglas.
Um prazer já compartilhado pelo filho, Anthony Luigi
Pires. “Quando eu tinha três anos eu vi ele se montando para sair e eu pedi pra
ele comprar uma fantasia pra mim também. Aí começei a correr de tabaqueiro todo
carnaval e não quero parar mais”, disse o garoto, pulando ao lado do pai.
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