Interlocutores do Palácio do Planalto classificaram como “um ato espetaculoso”a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, de autorizar a prisão de amigos próximos do presidente Michel Temer. Dizem haver um “complô” para tentar inviabilizar a candidatura de Temer à reeleição.
Entre os presos na Operação Skala nesta quinta-feira, 29,
estão o advogado e ex-assessor do governo José Yunes, com quem Temer jantou na
última segunda-feira, 26, em São Paulo, e o coronel reformado da PM João
Baptista Lima Filho.
Deflagrada a pedido da Polícia Federal e da
Procuradoria-Geral da República, com autorização de Barroso, a operação foi
vista nos bastidores como um indicativo de que a procuradora-geral, Raquel
Dodge, possa apresentar nova denúncia contra o presidente. Se isso ocorrer, a
avaliação no Planalto é que as pretensões eleitorais de Temer seriam minadas.
Ele teria novamente que se dedicar a barrar o avanço da investigação na Câmara.
O presidente planeja entrar no páreo para um novo mandato
e pode ter o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) como vice. Meirelles deixará
o PSD e se filiará ao MDB no dia 3. Para integrante da cúpula do MDB, um sinal
de que a intenção dos mandados de prisão expedidos ontem seria dificultar a
consolidação de Temer na disputa eleitoral é a coincidência de datas. Para os
emedebistas, não é por acaso que a operação contra amigos de Temer acontece às
vésperas do ato de filiação de Meirelles.
Apesar da repercussão negativa para o governo com as
prisões, pessoas próximas ao presidente afirmam que o episódio reforça a
certeza de que o emedebista precisa ir para o enfrentamento. “Entendemos que a
decisão do presidente de colocar a possibilidade de vir a disputar a eleição
faz com que novamente dirijam contra nós os canhões da conspiração. O que
aconteceu hoje não deixa de ser um reconhecimento de que eu nas minhas
afirmações sempre estive certo, que se buscava investigar um assassinato onde
não existe cadáver. O Decreto dos Portos não beneficia a Rodrimar”, afirmou o
ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun. (Estadão)
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