Blog do Kennedy
A foto de Doria com Moro é uma excelente peça de campanha
para um candidato a governador do PSDB que disse que visitaria Lula em
Curitiba. Para o juiz que colocou o petista na cadeia, é mais um exemplo
de suas afinidades eletivas. Nem foi a primeira pose ao lado de um tucano. Sem
surpresa. Doria estava na dele e no ambiente dele. O magistrado só
foi imprudente, dirão, porque, afinal, ele pode tudo.
Pior mesmo foi o discurso de Moro, uma análise política
rasa sobre corrupção e democracia, uma mistura de lição de moral com falsa
modéstia, um chamado aos empresários para que não caiam nas garras desses
políticos malvados e corruptos.
O juiz disse que hesitou a respeito da possibilidade de
receber o prêmio “Person of the Year”, da Câmara de Comércio Brasil-Estados
Unidos, porque não sabia se um magistrado, nas palavras dele, “deve chamar
esse tipo de atenção”. Segundo Moro, “Judiciário e juízes devem atuar com
modéstia, de maneira cuidadosa e humilde”.
Sem dúvida, é uma ponderação correta e totalmente em
sintonia com o traje a rigor da noite de gala, anual e nova-iorquina, que
já virou símbolo da cafonice e do complexo de vira-latas da elite brasileira.
Para um juiz que interveio ilegalmente no processo político
em 2016, divulgando uma gravação de Dilma e Lula ao arrepio da lei, traz enorme
conforto o ensinamento de que, “apesar de dois impeachments presidenciais e um
ex-presidente preso, não houve e não há sinais de ruptura democrática”.
Realmente, não merece crédito nenhuma teoria conspiratória
sobre o interesse dos Estados Unidos nas consequências da Lava Jato em
relação às grandes empresas brasileiras que eram competidoras das americanas
na América Latina e na África. É detalhe o Departamento de Justiça dos EUA
considerar normais e produtivos os contatos informais com procuradores e
magistrados brasileiros. Softpower pouco é bobagem. Que se dane a mulher de
César.
A servidão voluntária de uma elite deslumbrada, apegada ao
auxílio-moradia e outros privilégios de casta, faz o serviço completo
e ainda agradece a homenagem _porque abaixo do Equador o Supremo
segura a barra, legaliza e avaliza a coisa toda.
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