Milhares de caminhoneiros autônomos do país podem cruzar os
braços a partir dessa segunda-feira, em uma manifestação que cobra do governo
reduzir a zero a carga tributária sobre o diesel e que pode contar com apoio de
outras categorias que têm no combustível o principal custo.
“Se hoje não tiver uma resposta (do governo sobre as
reivindicações) até as 18h, a gente já vai começar a se preparar para parar a
partir da segunda-feira”, disse o presidente da Associação Brasileira dos
Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes. “Tem hora e dia para começar, mas
não para acabar”, acrescentou.
Questionado nessa sexta-feira, o ministro de Minas e
Energia, Moreira Franco, afirmou que o governo está sensibilizado com a alta
dos preços e que já está discutindo formas para uma redução de impostos.
Uma paralisação no transporte poderia afetar, entre outros
setores, a indústria de soja, cuja colheita no Brasil terminou recentemente.
Isso em um momento em que o mercado internacional conta com o produto do país,
o maior exportador global. O movimento promete ser mais forte justamente no
Centro-Oeste e no Sul, as principais regiões brasileiras produtoras de grãos.
A entidade que organiza o protesto reúne cerca de 600 mil
caminhoneiros autônomos de um total de cerca de 1 milhão de motoristas no
Brasil e cobra o governo desde outubro do ano passado a queda nos custos do
diesel.
Mais cedo, a Petrobras anunciou que vai subir os preços do
diesel em 0,80 por cento e os da gasolina em 1,34 por cento nas refinarias a
partir desse sábado, elevando os valores dos combustíveis a novas máximas de
2,3488 reais o litro de diesel e 2,0680 reais o litro de gasolina.
“Isso até parece que é para provocar a gente”, disse Lopes,
sobre o novo reajuste anunciado pela petrolífera.
Desde que a Petrobras implantou em julho do ano passado
sistema de reajustes de preços dos combustíveis quase que diários, que busca
acompanhar as cotações internacionais do petróleo e o câmbio, o diesel e a
gasolina tiveram aumento de quase 50 por cento nas refinarias da empresa, com
uma boa parcela sendo repassada para os postos.
O setor de combustíveis, entretanto, afirma que boa parte
do custo dos combustíveis na bomba se deve a impostos. No caso da gasolina, os
tributos respondem por cerca de 50 por cento do valor nos postos.
A ameaça dos caminhoneiros está sendo feita em momento em
que a federação de nacional de comércio de combustíveis (Fecombustíveis), que
representa os donos de postos, também faz um apelo por mudanças tributárias,
afirmando que a política de preços da Petrobras está causando prejuízos ao
setor. Segundo a comunicado da entidade nesta semana, uma alteração nos
tributos amenizaria as perdas.
Fonte: Reuters
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