Imagem Internet
Ranier Bragon , Letícia Casado e Daniel Carvalho – Folha de
S.Paulo
Aliados de Michel Temer no Congresso Nacional e ministros
do Supremo Tribunal Federal afirmam que o governo atingiu um nível extremo de
enfraquecimento político, não descartando, em caso de piora na situação, o
risco de a gestão não conseguir se sustentar nos sete meses que lhe restam.
A avaliação ouvida pela Folha é a de que a crise com os
caminhoneirosatingiu um dos últimos resquícios de credibilidade da
administração, a área econômica.
Temer completou no último dia 12 dois anos de governo como
o presidente, na média, mais impopular desde pelo menos a gestão de José Sarney
(1985-1990).
Mas vinha batendo na tecla de que em sua administração a
inflação foi reduzida e o país saiu da recessão, embora em ritmo mais lento do
que o esperado.
Com a crise da greve dos caminhoneiros, o país passa por
uma grave situação de desabastecimento, cenário não detectado pelo governo
apesar de alertas nessa direção.
Emparedado, o Palácio do Planalto foi obrigado a ceder em
vários pontos, em uma demonstração do enfraquecimento político que vive, mas
mesmo assim não conseguiu até esta segunda-feira (28), oitavo dia da crise,
encerrar a paralisação.
"Não é o caminhoneiro, é o brasileiro que não admite a
Presidência do Temer. O PT insistiu na Dilma. Deu no deu", afirmou em nota
o líder da bancada do aliado DEM, o senador Ronaldo Caiado (GO).
"A greve dos caminhoneiros detonou a popularidade do
Temer e do governo, a população está revoltada. O governo tinha ainda certa
credibilidade na equipe econômica. Era um alicerce importante", afirma o
deputado Rogério Rosso (DF), do também aliado PSD.
Um dos principais correligionários de Temer na Câmara, o
deputado Beto Mansur (MDB-SP) afirma que todo o espectro político perde, não só
Temer. "Tivemos um problema na questão da inteligência do governo, de não
saber o tamanho da 'trolha', essa é minha opinião, mas tem que procurar
resolver. Esse é um processo perde-perde, ninguém ganha."
Nos bastidores do STF, a avaliação de ministros é a de que
o governo subestimou os caminhoneiros. No caso de o desabastecimento se
agravar, há, na visão desses magistrados, o risco de uma revolta de maior
proporção, com ameaça ao já cambaleante mandato de Temer.
Ainda de acordo com integrantes da corte, o emedebista e o
seu entorno estão longe de representar uma voz com força para dialogar com
diferentes grupos sociais.
Eles afirmam que em um momento como esse era preciso que
Temer procurasse institucionalmente os governadores e chefes de outros poderes.
Mas a interlocução do Palácio do Planalto com o STF tem sido feita pelo
ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que já conversou com quase todos
os 11 magistrados, pessoalmente e por telefone.
Na quinta-feira (24), ele se reuniu por cerca de uma hora
com Gilmar Mendes, em Brasília. Nesta segunda (28), o encontro foi com
Alexandre de Moraes.
No Congresso, Temer busca se reaproximar do presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é pré-candidato à sua sucessão.
Durante o fim de semana, quando tentava se desvencilhar da
crise, Temer chamou apenas o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE),
para conversar. Não procurou Maia.
Ontem os deputados Baleia Rossi (MDB-SP) e Pauderney
Avelino (DEM-AM) costuraram uma conversa entre Temer e Maia, que foi ao Palácio
do Planalto no início da tarde.
A TEMPESTADE PERFEITA SOBRE O PRESIDENTE
- enfrenta uma greve de caminhoneiros sem precedentes;
- tem níveis recordes de impopularidade;
- não fez a economia deslanchar, e agora tem de lidar com a
alta do dólar;
- perdeu a capacidade de aprovar reformas no Congresso;
- é investigado pela PF em razão de decreto no setor
portuário
Nenhum comentário:
Postar um comentário