O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi
visitado na tarde desta quinta-feira (3) pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR)
e pelo ex-governador baiano Jaques Wagner (PT) depois de ganhar uma autorização
para receber, a cada semana, duas pessoas que não sejam de sua família. A
informação foi dada pela assessoria de comunicação da Polícia Federal no
Paraná.
Lula apontou Gleisi como sua porta-voz horas
antes de se entregar à Polícia Federal no dia 7 de abril. A senadora também é
presidente do PT. Jaques Wagner, por sua vez, já foi cotado nos bastidores como
eventual "plano B" do PT caso Lula não possa disputar as eleições de
outubro. Oficialmente, o partido nega que haja qualquer debate sobre uma
alternativa à candidatura do ex-presidente.
Gleisi e Wagner foram visitar Lula juntos dois dias
depois de o ex-governador dizer que, se o ex-presidente não puder ser candidato,
o PT pode lançar um nome para vice-presidente em uma chapa liderada por um
candidato de outro partido, e que o presidenciável poderia ser Ciro Gomes, pré-candidato do
PDT. A senadora, por sua vez, reagiu à declaração do colega dizendo
que "Ciro não passa no PT nem com reza brava", segundo a Folha de S. Paulo.
Questionado sobre sua fala de terça (1º), Wagner afirmou
nesta quinta que Lula o "conhece muito". "Eu vou com ele [Lula]
até o final da linha. Agora, se acontecer a interdição dele, a gente vai
discutir lá na frente. Por enquanto, nem ele discute isso aqui", disse. Já
Gleisi declarou que "Ciro não é pauta do PT, nem da conversa".
Processos não foram assunto, diz Gleisi
Após a visita, Gleisi disse a jornalistas que a juíza
federal Carolina Lebbos, que cuida do processo de execução penal de Lula,
decidiu autorizar a Polícia Federal a "negociar um horário" com
interessados em visitar o ex-presidente.
No dia 25, a magistrada decidiu que novos pedidos de
visitas deveriam ser feitos diretamente à PF, e somente seriam analisados pela
Justiça caso fossem negados.
Segundo a PF, os nomes dos visitantes são encaminhados
pela defesa do ex-presidente. As pessoas que não são parentes de Lula poderão
visitá-lo no mesmo dia da família, às quintas, por uma hora. O período deve ser
dividido entre os dois visitantes; eles não podem estar com o
ex-presidente ao mesmo tempo.
Gleisi relatou que se reuniu com Lula por cerca de 45
minutos. Depois, o ex-presidente recebeu Jaques Wagner. Segundo ela, na semana
que vem, outras duas pessoas devem visitar Lula, mas isto ainda não está
decidido.
A senadora afirmou que não conversou com o ex-presidente
sobre os processos que tramitam na Justiça contra ele, mas que dialogaram sobre
o Brasil "o tempo inteiro".
"[Lula] tem lido muito, tem procurado se informar,
tem feito análises do que ele fez enquanto presidente e do que ele pode fazer
agora", disse.
Gleisi afirmou que Lula está "desconjurado" com
a situação da economia brasileira. "Ele não pode acreditar que a economia
chegou a tal ponto", disse a senadora.
Ainda segundo Gleisi, Lula pediu para que ela
manifestasse a solidariedade do petista para as famílias do edifício Wilton
Paes Almeida, que desabou em São Paulo na madrugada desta terça (1º).
Pedidos vinham sendo negados
Até agora, Lula só recebeu visitas de parentes, que podem
encontrá-lo uma vez por semana; de integrantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado,
no dia 17; e de seus advogados, que têm a prerrogativa legal de vê-lo
diariamente.
Pedidos de visita a Lula têm sido constantes desde a
prisão do ex-presidente, ocorrida no dia 7. De lá para cá, políticos pediram
para ver o petista, mas as solicitações foram seguidamente negadas pela juíza.
Em um dos casos mais rumorosos, a magistrada não autorizou a visita de uma comitiva de nove
governadores sob o argumento de que não havia "fundamento para a
flexibilização" das regras de visitação definidas pela Polícia Federal
--Lula cumpre pena no prédio da Superintendência da PF em Curitiba.
Na quarta (2), a Câmara dos Deputados abriu processo no STF (Supremo
Tribunal Federal) contra a decisão da juíza de impedir uma comissão externa de
parlamentares de visitar Lula. A Casa alega que houve violação ao princípio de
separação de Poderes. Ela vetou a visita sob a justificativa de que não havia
motivação para a diligência.
Além dos políticos, personalidades como o ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, vencedor
do Prêmio Nobel da Paz em 1980, e o cantor e compositor Martinho da Vila pediram para
visitar Lula, sem sucesso.
Assista:
Nenhum comentário:
Postar um comentário