“Estamos vendo o Brasil em uma desordem total”. A frase do
deputado estadual Romário Dias (PSD) dita, nesta quinta (24), na tribuna na
Assembleia Legislativa, define a situação política, econômica e social do País
nos últimos dois anos. Para o parlamentar, a paralisação nacional que os
caminhoneiros realizam há quatro dias é apenas “uma filigrana” do que está
ocorrendo. “Os ônibus também deveriam ter parado e as pessoas deveriam ter
ficado em casa em uma demonstração que o Brasil parou porque ninguém aguenta
mais ver, por exemplo, 70% do noticiário mostrando quem roubou mais e quem
roubou menos; quem pegou 20 anos de prisão ou quem pegou 10”, afirmou.
Ainda de acordo com Dias, o Poder Legislativo “deve chamar
o feito à ordem, pois não pode aceitar que esta situação continue”. “Não
podemos, enquanto Legislativo, permitir que uma desordem deste tamanho possa
estar acontecendo. Às vezes, acho que estamos numa grande disputa com a
Venezuela para saber qual país é mais desorganizado e maltrata mais a sua
população”, sentenciou.
A falta de uma liderança no plano nacional, como foram
Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, também foi mencionada por Dias durante seu
pronunciamento. “Estamos vendo uma desorganização total, com o Brasil de cabeça
para baixo. Não queremos discutir quem é de direita ou esquerda, quem é a favor
ou contra o golpe; queremos, sim, é discutir o Brasil de hoje. Mas,
lamentavelmente, haverá uma eleição e não enxergamos uma liderança”.
Sobe o protesto dos caminhoneiros e o preço dos
combustíveis, a sugestão do deputado foi taxar outros produtos, como armas e
pólvora. “Já que no Brasil só se resolve problemas financeiros e econômicos
aumentando impostos e mandando a conta para a população pagar – e ai daquele
que não pagar -, que aumente o imposto do cigarro, da pólvora, das armas, das
bebidas alcoólica (com exceção da cachaça aqui no Nordeste) e repassasse esse
percentual para subsidiar o óleo diesel e a gasolina”, exemplificou.
Dias também lembrou que a situação do desabastecimento é
ainda mais grave porque o Brasil abandonou suas ferrovias e lamentou que a
Transnordestina esteja “se acabando, parada há 15, 20 anos, e ninguém faça
nada”. Segundo o deputado, o transporte ferroviário “é a mola mestra do
desenvolvimento”.
Ainda sobre a desordem pela qual passa o País, o
parlamentar falou sobre a segurança, citando a situação do Rio de
Janeiro. “Eu quero que as pessoas da área de segurança me digam o que é
que melhorou no Rio de Janeiro após a intervenção militar. Quase 50 PMs foram
assassinados nas barbas do Exército. Eu, que servi ao Exército e tenho por ele
uma paixão muito grande pela disciplina, pela ordem e pela coerência, fico
realmente indignado”.
“É por tudo isso que sou contra termos eleições de dois em
dois anos. Acho isso um absurdo, pois é uma forma de se apoderar do capital
brasileiro, é uma forma de se buscar dinheiro nas empresas. A Petrobrás está
falida, a Eletrobrás está falida e sendo vendida, agora, a preço de banana para
cobrir as despesas daqueles que saquearam os cofres públicos”, asseverou.
Por fim, após apartes dos deputados José Humberto (PTB),
Joel da Harpa (PP) e Alberto Feitosa (SD), Dias sentenciou: “Não vamos nos
agachar ou nos abaixar. O Brasil é de todos nós. Pernambuco é de todos nós. E
não são essas pessoas que não têm amor pelo Brasil que vão fazer com que o País
se destrua. E aí quero usar uma frase do nosso querido e saudoso Eduardo
Campos: ‘Não vamos desistir do Brasil’. Vamos continuar essa luta”.
Fotos: Sabrina Nóbrega/Alepe
Nenhum comentário:
Postar um comentário