Estadão Conteúdo
De acordo com a OMS, 93% das crianças e adolescentes do
mundo respiram diariamente ar com nível de poluição capaz de colocar a saúde em
risco
Pelo menos 633 crianças menores de 5 anos morrem por ano no
Brasil vítimas de complicações relacionadas à poluição, segundo levantamento
divulgado nessa segunda-feira (29) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com
dados de 2016. Em todo o mundo, o número de crianças dessa faixa etária vítimas
do problema chega a 543 mil.
De acordo com a OMS, 93% das crianças e adolescentes do
mundo (o equivalente a 1,8 bilhão de pessoas) respiram diariamente ar com nível
de poluição capaz de colocar a saúde em risco. As partículas tóxicas provocam
ou agravam problemas respiratórios que, em alguns casos, podem ser fatais.
Segundo especialistas, o impacto do ar de má qualidade tem
início já na gestação, com o aumento da probabilidade de mulheres darem à luz
prematuramente. "Desde o desenvolvimento fetal, a criança já sofre os
efeitos da poluição. O poluente é muito nocivo para a saúde, porque o efeito
não é só respiratório, é sistêmico, entra na árvore respiratória, chega ao
alvéolo, onde tem a troca gasosa, e entra na circulação, causando efeitos nas
artérias e no coração, principalmente. Na gestação, leva a enfartes na parte
circulatória da placenta, o que diminui o aporte do oxigênio, podendo causar
partos prematuros e até morte fetal", explica a patologista clínica
Evangelina de Araújo Vormittag, que é diretora de responsabilidade social da
Associação Paulista de Medicina e diretora do Instituto Saúde e
Sustentabilidade.
Outro aspecto que prejudica nessa fase da vida,
especialmente entre as crianças mais novas, é o fato de o sistema imunológico
ainda estar em formação. "Com isso, tem menos chances de se defender
contra esse mal tóxico", afirma a médica.
Doenças como alergias, asma, pneumonia e câncer infantil
estão entre os problemas de saúde citados pela entidade que podem ter como
causa o contato com os poluentes. Com 1 ano e 10 meses, Arthur já sente os
efeitos nocivos da poluição. Diagnosticado com rinite alérgica, o menino,
morador da zona leste da capital paulista, tem crises no período de clima seco,
quando os poluentes ficam mais concentrados. "Na última crise, o problema
evoluiu para infecção na garganta e no ouvido. Ele teve de tomar antibiótico 15
dias", conta a mãe do menino, a advogada Monyse Tesser, de 32 anos.
Independentemente do clima, a mãe estabeleceu uma rotina de
cuidados para evitar complicações na saúde do filho. "Faço lavagem nasal
duas vezes por dia nele. Temos inalador, vaporizador, tiramos tapetes de casa e
não deixamos bichos de pelúcia no quarto dele."
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