Deputados especialistas em Educação avaliam como positivo o
foco do programa de governo do presidente eleito Jair Bolsonaro na melhoria do
ensino básico. Mas mostram preocupação com a avaliação de que um dos maiores
problemas do sistema seria a "forte doutrinação".
Para o presidente da Comissão de Educação, Danilo Cabral
(PSB-PE), valorizar a educação básica requer recursos, o que estaria
prejudicado agora por causa da emenda constitucional que limita gastos pela
inflação (EC 95/16). Cabral lembrou que o programa de Bolsonaro cita o
exemplo dos países asiáticos.
“Citou o exemplo da Coreia, do Japão. E quando você vai
mergulhar nestes exemplos; o que se constata, de forma objetiva, é que a
educação foi colocada como uma questão central no desenvolvimento destes
países, não só do ponto de vista econômico, mas como do ponto de vista social
de inclusão das pessoas. Segundo, essa priorização, ela se deu através da
destinação de recursos. Os professores têm uma remuneração acima da média do
mercado. Aqui no Brasil o que a gente vê - e essa é uma meta que está no Plano
Nacional de Educação - a gente está falando em implantação de piso nacional dos
profissionais do magistério. Quem quer garantir uma educação pública de
qualidade tem que primeiro valorizar os profissionais do magistério”, disse o
deputado.
Metas do PNE
Danilo Cabral acredita que qualquer governo deveria partir do Plano Nacional de Educação (PNE), que fixa 20 metas até o ano de 2024 e que não vem sendo cumprido. O programa do novo governo afirma que os índices que avaliam a qualidade da educação mostram resultados ruins e que é preciso mais matemática, ciência e português. E condena o que chama de "doutrinação" e "sexualização precoce" nas escolas. Na alfabetização, defende, por exemplo, o expurgo da "ideologia de Paulo Freire".
Na página eletrônica do Ministério da Educação, várias
notícias e artigos mostram que existem muitos métodos de alfabetização usados
pelos professores. O método Paulo Freire sugere trabalhar com palavras que
fazem parte da realidade dos alunos. A partir daí, propõe debater a situação de
vida dos estudantes para que tenham consciência crítica e autonomia.
Professores
Para o coordenador da Frente Parlamentar da Educação, deputado Alex Canziani (PTB-PR), propostas como o projeto Escola sem Partido (PL 867/15) em tramitação na Câmara, podem causar interferência na atuação dos professores.
"Acredito que não seja o melhor caminho você cercear a
liberdade do professor. É óbvio que nós não queremos que haja ideologia, nós
não queremos que professores fiquem criando nos seus alunos uma ideologia. Não
é essa a ideia. Mas você não permitir que haja discussão, que haja a possibilidade
de se trocar ideias a respeito disso, seria cercear muito a atividade do
professor”, afirmou.
Alex Canziani é favorável, porém, à regulamentação do
ensino domiciliar, proposta já defendida por Bolsonaro, mas que não está no
programa de governo. No programa, consta a educação à distância como uma
alternativa para estudantes que moram em áreas isoladas.
Universidades
Sobre o ensino superior, o programa afirma que as universidades devem desenvolver novos produtos, através de parcerias e pesquisas com a iniciativa privada. Além disso, fomentar o empreendedorismo para que o jovem saia da faculdade preparado para abrir uma empresa.
Da Agência Câmara
Nenhum comentário:
Postar um comentário