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domingo, 20 de janeiro de 2019

Bandeira de campanha, segurança impõe primeira crise real a gestão Bolsonaro


Nas primeiras semanas de seu Governo, Jair Bolsonaro foi colocado frente a frente com uma de suas principais bandeiras eleitorais, a da segurança pública, principal preocupação de 58% da população, segundo pesquisa da XP Investimentos divulgada nesta semana. A grave crise, uma série de ataques no Ceará  que ocorre há duas semanas, fez com que sua gestão recorresse ao mesmo artifício que todos os governos anteriores: enviou profissionais da Força Nacional e cedeu vagas em presídios federais para lideranças de facções criminosas. Ou seja, mais do mesmo. Os grupos criminosos organizados são apontados como os responsáveis por ao menos 220 ataques em 51 cidades cearenses —quase metade deles na capital, Fortaleza. Atado pela falta de continuidade em ações e de um programa de Estado e surpreendido pela onda de crimes, o presidente se viu obrigado a ceder para um governador que sempre lhe fez oposição, o petista Camilo Santana.

“O Bolsonaro não agiu por conta própria, apenas reagiu a um pedido do Governo local”, ponderou o sociólogo Ignácio Cano, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Na mesma linha, seguiu o diretor-executivo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o sociólogo Renato Sérgio de Lima. “Por enquanto, para problemas antigos, as soluções foram as mesmas dos Governos anteriores”, disse Lima. Até o momento, nenhum novo plano foi sequer anunciado como sendo planejado pelo novo Governo. A grande ação da nova gestão na área, até o momento, foi flexibilizar a posse de armas no país, algo considerado inconstitucional por órgão do MPF nesta sexta-feira.

Não se pode dizer que os ataques coordenados a partir de ordens de presídios tenham sido algo surpreendente no país. Há cinco anos, o mês de janeiro registra desde pequenas rebeliões até massacres ordenados por lideranças de grupos criminosos. Os mais graves ocorreram em Pedrinhas, no Maranhão (2014); em Boa Vista, Roraima; em Manaus, Amazonas; em Alcaçuz, Rio Grande do Norte (2017); e em Aparecida de Goiânia, Goiás (2018).

A diferença, dessa vez, é que não há violência contra ou entre os detentos, apenas reações fora das prisões, o que aparece assustar ainda mais a população. “Estamos tirando a comunicação e as regalias. E isso tem resultado nessa série de ações nas ruas no sentido de intimidar o Estado. A nossa decisão é manter firme e mostrar que quem manda é o Estado”, afirmou o governador cearense Camilo Santana. (EL País Brasil)

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