A dengue avança no Brasil. O número de casos da doença
entre janeiro e 16 de março já chega a 229.064, um aumento de 224% em relação
ao mesmo período do ano passado. Três Estados - Tocantins, Acre, Mato Grosso do
Sul - já estão em epidemia.
No Mato Grosso do Sul, alguns municípios decretaram
situação de emergência. As mortes também tiveram um aumento importante. De
acordo com o boletim lançado nesta segunda-feira, 25, são 62 registros, 67% a
mais do que em 2018.
Dos óbitos, 31 ocorreram no Estado de São Paulo, o
equivalente a 50% do registro nacional. Para o Ministério da Saúde, São Paulo
já desperta grande preocupação, em virtude do expressivo número de casos. Até o
momento, são 83.045 prováveis, com uma proporção de 182,4 infecções a cada 100
mil habitantes. Os números são maiores do que os do ano passado.
Tocantins tem a maior relação de casos por habitantes do
País. São 602,9 casos por 100 mil habitantes. Em seguida, vem Acre (com 422,8
casos por 100 mil habitantes.), Mato Grosso do Sul (368,1 casos por 100 mil
habitantes), Goiás (355,4 casos por 100 mil habitantes). Também preocupam o
Ministério da Saúde os Estados de Minas Gerais (261,2 casos/100 mil
habitantes), Espírito Santo (222,5 casos por 100 mil habitantes) e Distrito
Federal (116,5 casos por 100 mil habitantes).
Embora Goiás tenha indicadores que tradicionalmente possam
ser considerados como epidêmicos, o Ministério da Saúde aguarda para fazer esse
tipo de classificação. Isso porque no ano passado, os registros foram
semelhantes.
O coordenador do Programa de Dengue do Ministério da Saúde,
Rodrigo Said, atribui o avanço da doença sobretudo à volta da circulação do
sorotipo 2 do vírus da dengue. Como fazia tempo que esse sorotipo não
circulava, há maior risco de uma parcela mais significativa da população estar
suscetível ao sorotipo.
A dengue é provocada por quatro sorotipos do vírus. Quando
uma pessoa se infecta com um dos tipos, ela não adoece mais com esse agente,
mas permanece suscetível aos demais. A última epidemia por sorotipo 2 ocorreu
em 2002.
De acordo com os dados do Ministério, o Sudeste apresentou
65,4% dos casos prováveis de dengue no País: 149.804. O Centro-Oeste concentrou
17,6% dos registros, seguido por Nordeste, com 7,5%. O Norte apresentou 6,6%. A
região Sul trouxe o menor porcentual de casos prováveis de dengue, equivalente
a 2,9% dos números nacionais.
Os casos de zika também aumentaram, mas de forma mais
discreta. Até 2 de março, foram 2.062 registros. No mesmo período, foram
contabilizados 1.908 casos prováveis. A maior incidência foi em Tocantins - com
47 casos a cada 100 mil habitantes - e o Acre, com 9,5 casos a cada 100
mil.
A chikungunya, por sua vez, registrou uma redução de 44%.
Até 16 de março, foram 12.942 casos. Em 2018, foram 23.484. As maiores
incidências são no Rio de Janeiro (39,4 casos/100 mil habitantes.), Tocantins
(22,5 casos/100 mil habitantes), Pará (18,9 casos/100 mil habitantes.) e Acre
(8,6 casos/100 mil habitantes). Em 2019, não foram confirmados óbitos por
chikungunya. No mesmo período de 2018, foram confirmadas nove mortes.
Said ressalta a importância de se adotar medidas para
combater o mosquito transmissor das três doenças, o Aedes aegypti. Em alguns
Estados, como Tocantins, há um risco de tripla epidemia. Equipes estão
acompanhando gestantes infectadas pela zika. Por: AE
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