Os descompassos, erros de agenda legislativa e falta de
coordenação política do governo fizeram a proposta de Reforma da Previdência
enviada ao Congresso por Bolsonaro perder velocidade. A avaliação do líder do
PT no Senado, Humberto Costa (PE), é de que a injustiça do projeto com os mais
pobres e a posição contrária dos governadores do Nordeste ao teor da proposta
também vão levar o projeto a naufragar ainda na Câmara dos Deputados.
"Do jeito que está, isso não passa. É inaceitável o
que querem fazer aos mais pobres, estabelecendo menos da metade de um mínimo
para os idosos com 60 anos, o que querem fazer aos trabalhadores rurais, às
mulheres, aos professores", afirma Humberto. Segundo o líder do PT, a
proposta de Bolsonaro leva, os mais pobres a trabalharem, em média, cerca de 11
anos a mais que do trabalhadores de classe média, que começam as atividades
mais tarde, por exemplo.
“Os mais pobres, normalmente, começam a trabalhar mais
cedo, muitas vezes em empregos que demandam mais, inclusive fisicamente. Mas
vão ter de cumprir um tempo excessivo de idade e contribuição para receberem a
integralidade do benefício ao fim da vida. Isso leva os mais pobres a
trabalharem 30% mais do que um trabalhador da classe média”, afirmou o senador.
De acordo com o projeto, o trabalhador precisará contribuir
por 40 anos para ter direito à aposentadoria integral, além de ter que cumprir
a idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens. “A Reforma da
Previdência é um projeto cheio de distorções, que aprofunda as desigualdades já
existentes no país e que foi produzido sem qualquer diálogo com a sociedade”,
disse Humberto.
Para o senador, a proposta encontra muita resistência no
Congresso Nacional. “O governo não terá vida fácil com essa proposta. Até mesmo
dentro de sua base, há parlamentares contrários à medida. A sociedade civil
também já está começando a se mobilizar para derrubar essa reforma. Não vamos
permitir que esse retrocesso seja aprovado no Congresso. Estamos unindo forças
e vamos seguir na luta.”
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