O ex-secretário de educação do Estado, ex-reitor da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e atualmente Diretor de Articulação e
Inovação do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves, criticou, em entrevista à
Rádio Jornal na manhã desta quinta-feira (06), a falta de articulação e
planejamento do Ministério da Educação (MEC) quando se foi anunciado o
contingenciamento na pasta. Como exemplo, Neves citou a reação do ministro da
Educação, Abraham Weintraub, ao explicar o congelamento de recursos para as
instituições federais.
"Eu acho que a dificuldade que a pasta da educação tem
enfrentado está na sua comunicação, na sua relação com a sociedade,
principalmente o próprio ministro. Por exemplo, você não viu nem a cara de
preocupação dele. Quando você anuncia corte, tem que ter noção que foi uma
coisa grave", lembrou o pernambucano.
Mozart também lembrou que na sua gerência da UFPE foi
preciso fazer um contingenciamento, mas que é possível equilibrar as contas da
instituição. "Como reitor de universidade pública, que fui durante oito
anos, já aconteceu sim, contingenciamento. Eu me lembro que teve um momento,
acho que foi logo no início do governo de Fernando Henrique Cardoso e Paulo
Renato (então ministro da Educação), que precisamos fazer um contingenciamento
de recursos. Dá para você equilibrar essas coisas", disse o
pernambucano. Para Mozart, atitudes como
essa quando são feitas de uma maneira "articulada, responsável e
planejada, os danos são os menores possíveis".
Juventude
Ao longo da conversa, Mozart Neves lamentou diversas vezes
a situação dos jovens nesse cenário anunciado pelo Ministério da Educação.
Segundo ele, a juventude será a fatia da população estudantil que mais sofre
com o contingenciamento.
"O que me entristece muito no que foi dito é como realmente
afetou e está afetando a juventude. Quando eu disse cortar bolsas, cortar a
pesquisa, a inovação no Brasil, na minha opinião é cortar o futuro do
País", disse o ex-reitor em um momento da entrevista ao programa Passando
a Limpo.
Quando se entrou no tema, Neves foi questionado sobre a
violência dentro das universidades federais. Como resposta, disse que o aumento
da violência das ruas no País está afetando nas salas de aula. "Isso
significa que a violência que estamos enfrentando no lado de fora das escolas
está chegando também no lado de dentro. O nosso Estado (Pernambuco) foi um dos
que mais cresceram na história da violência", lembrou.
O ex-reitor conclui dizendo a solução precisa ser pensada
além dos professores e diretores de uma escola. Seria necessário desenvolver
estratégicas operacionais. "No caso das escolas, acho fundamental
desenvolver estratégicas, para desenvolver habilidade mentais, operacionais,
indo além do professor, do diretor. É muito importante a presença de um psicólogo
nas salas de aula, índices mundiais mostram isso", acrescentou Neves. Da
Editoria de Política/JC Online.
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