A ida do ministro Sergio Moro (Justiça) à CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) do Senado nesta próxima quarta-feira (19) foi resultado
de um cálculo do desgaste a que o ex-juiz da Lava Jato seria submetido no
Congresso.
Moro e outros auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (PSL)
entenderam que ir espontaneamente ao Legislativo para explicar a troca de
mensagens com o procurador Deltan Dallagnol era uma jogada relativamente
segura, como o objetivo de frear eventual CPI com foco no ministro, tido como
uma reserva ética do governo.
Nas conversas divulgadas pelo The Intercept Brasil, o então
juiz da Lava Jato troca colaborações com Deltan, coordenador da força-tarefa, o
que é vetado por lei. Segundo o site, as mensagens foram enviadas à reportagem
por fonte anônima e se referem ao período de 2015 a 2018.
Na segunda (10), um dia após a divulgação das primeiras
conversas, o senador Angelo Coronel (PSD-BA) protocolou na CCJ um requerimento
para convocar o ministro. O congressista começou também a coletar assinaturas
para criar uma CPI.
Nas redes sociais, parlamentares cobravam a volta da
tramitação de projetos que combatem o abuso de autoridade e apontavam os
reflexos que a crise teria no calendário do pacote anticrime apadrinhado por
Moro.
Por volta das 10h de terça-feira (11), parlamentares e
ministros, inclusive o próprio Moro, se encontraram na cerimônia de comemoração
do 154º aniversário da batalha naval do Riachuelo. Durante o evento, o ministro
da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, foi avisado da apresentação dos requerimentos
pela presidente da CCJ, senadora Simone Tebet (MDB-MS). Assim teve início o
plano do governo federal para conter a crise.
Apesar da tensão, Moro preferiu manter os compromissos agendados
e foi ao Senado naquele dia almoçar com parlamentares de DEM, PL (ex-PR) e PSC.
Chegou cercado por seguranças e evitou os jornalistas que o
aguardavam. Entrou na sala onde era esperado e quis começar a conversa dando
sua versão sobre os conteúdos vazados, mas foi interrompido por Wellington
Fagundes (PL-MT), coordenador do bloco Vanguarda, que reúne os senadores das
três siglas. Matéria completa na Folha Press/Diário de Pernambuco.
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