Em mais um dia de divulgação de conteúdo por parte do site
The Intercept, que reforça a conduta ilegal de integrantes da Operação Lava
Jato, especialmente contra Lula, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE),
assinou o requerimento de criação de uma Comissão Parlamentar Inquérito (CPI)
para apurar a quebra do princípio da imparcialidade por parte do ex-juiz Sergio
Moro.
O requerimento foi proposto pelo senador Fabiano Contarato
(Rede-ES), professor de direito, advogado e delegado por mais de 20 anos. De
acordo com o parlamentar, que foi eleito com a bandeira em defesa da Lava Jato
e da renovação política, os fatos demonstrados até aqui pelo site editado pelo
jornalista premiado mundialmente Glenn Greenwald demonstram uma violação à
democracia e ao Estado Democrático de Direito. Contarato chegou a dizer a Moro,
em audiência no Senado, que sairia preso das delegacias que comandou se tivesse
adotado as mesmas práticas do ex-juiz.
Para Humberto, é fundamental apurar o que está sendo
divulgado pelos principais veículos de comunicação do Brasil e entender o
momento estranho vivido pelo país, marcado por uma série de iniciativas
suspeitas tomadas pelo governo Bolsonaro.
O senador acredita que há muitos eventos estranhos
ocorrendo ao mesmo tempo, a começar pelo afastamento temporário do ministro da
Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e terminando com a demissão da
assessora de imprensa dele, na tarde de hoje.
“É curioso ver um ministro que não tem nem seis meses no
cargo pedir uma licença de cinco dias. Me parece que ele está se afastando para
não se comprometer com alguma ação autoritária contra a liberdade de imprensa
que ainda esteja por vir”, comentou.
De acordo com o parlamentar, também é intrigante que o
Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), vinculado ao Ministério
da Economia, não tenha respondido ao Tribunal de Contas da União (TCU) se está
ou não realizando uma investigação contra o jornalista do The Intercept.
"Estamos diante de uma intimidação inaceitável", criticou.
Além disso, segundo o parlamentar, a fala, hoje, do
superintendente da Polícia Federal no Paraná, delegado Luciano Flores, de que
os celulares dos membros da Lava Jato não foram hackeados, derruba
completamente a versão divulgada pelos envolvidos até aqui. “O responsável pela
PF afirmou categoricamente que a interceptação foi realizada no próprio
aplicativo de mensagens Telegram”, observou Humberto.
Diante da divulgação do áudio com a voz do procurador
Deltan Dallagnol na tarde desta terça-feira, o líder do PT no Senado ainda
declarou que será muito difícil para ele e os demais envolvidos nos diálogos,
agora, negarem qualquer envolvimento com o material divulgado.
“Para aqueles que acham que aquelas ‘supostas’ revelações
podem ser falsas ou alteradas, acabou de sair um áudio. Podem levá-lo ao perito
que quiser. É o procurador Deltan contando um segredo de que tinha
conhecimento. Era sobre a decisão do ministro do Supremo Luiz Fux de suspender
a entrevista que Lula daria no processo eleitoral. Deltan não só comunicou o
segredo num grupo de procuradores como comemorou a decisão”, ressaltou
Humberto.
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