Agencia Brasil
Pelo menos 11 países
suspenderam temporária e integralmente a importação de carne brasileira e seus
derivados, após vir a público as suspeitas de irregularidades pontuais na
fiscalização do setor. Já a União Europeia e outros três países optaram por
embargar apenas as compras dos 21 frigoríficos alvos da Operação Carne Fraca,
deflagrada pela Polícia Federal na última sexta-feira (17), ou de parte dessas
empresas.
Segundo o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), até a deflagração da operação
policial, as carnes bovina, de frango e suína nacionais e seus derivados eram
exportados para mais de 150 países. A média de embarque diário do Brasil para o
exterior até então era de US$ 63 milhões. Quatro dias após a notícia da
suspeita de que ao menos 21 frigoríficos podem ter colocado à venda carne
adulterada e produtos irregulares, o total embarcado na última terça-feira (21)
caiu a apenas US$ 74 mil.
Segundo o Mapa, até a
noite de ontem (22), os seguintes países tinham suspendido temporariamente ou
desautorizado o desembarque de carne e produtos cárneos procedentes do Brasil:
China; Chile; Egito; Argélia; Jamaica; Trinidad Tobago; Panamá; Catar; México e
Bahamas, além de Hong Kong, que tem o status de Região Administrativa Especial
da China.
Caso a caso
No caso do Chile e do
Egito, a proibição deve vigorar pelo menos até que as autoridades brasileiras
forneçam esclarecimentos considerados satisfatórios. A Jamaica, além de
suspender a importação, determinou que todos os produtos de carne brasileiros
já disponíveis no mercado interno sejam recolhidos pelos produtores e
distribuidores.
O Catar adotou uma
paralisação do desembaraço aduaneiro, que vigorará até que os resultados dos
testes por amostragem sejam conhecidos. No caso do México, que, de acordo com o
Mapa, consome apenas frango brasileiro, o órgão sanitário nacional determinou
uma suspensão preventiva.
O Japão adotou
umsuspensão parcial temporária, que proibiu a entrada no país de qualquer
produto proveniente dos 21 frigoríficos sob suspeita. A África do Sul também
suspendeu temporariamente as compras de seis exportadores brasileiros. Já a
União Europeia deixou de comprar aves e suínos de três plantas investigadas
pela PF, além de carne bovina e derivados de uma planta – decisão que também já
havia sido adotada individualmente pela Suíça.
Os Estados Unidos, o
Vietnã e a Arábia Saudita reforçaram a fiscalização sanitária sobre os produtos
brasileiros. De acordo com a embaixada brasileira em Washington, o receio
motivou as autoridades americanas a determinar que 100% das amostras de
produtos cárneos brasileiros sejam inspecionadas. O Mapa, no entanto, já
afirmou que nenhuma dos locais de produção sob suspeita enviou carne aos EUA.
A Coreia do Sul, por sua
vez, havia ampliado o percentual de amostras inspecionadas de 1% para 15%, mas
voltou atrás na decisão na última terça-feira (21). E Israel e Barbados pediram
ao governo brasileiro mais informações, antes de anunciar qualquer medida.
Interditados
No Brasil, os três
frigoríficos interditados pelo Ministério da Agricultura pertencem às empresas
BRF e Peccin. Na unidade da BRF de Mineiros (GO), é feito o abate de frangos, e
nas plantas da Peccin em Jaraguá do Sul (SC) e em Curitiba (PR) são produzidos
embutidos (mortadela e salsicha).