Janio de Freitas – Folha
de S.Paulo
O confronto entre
Judiciário e Congresso está destinado a agravar-se, sem que pareça possível
levar a algo positivo, de qualquer ponto de vista. O incidente que incluiu
Renan Calheiros não foi ocasional, fez parte da tensão entre as duas
instituições. Mas não é a causa do agravamento previsível e ameaçador.
Nos dias que precediam o
incidente, Sergio Moro deu várias estocadas no Congresso. Como sempre, não
falou só por si. Chegou mesmo a um mal disfarçado ultimato. Não foi em
entrevista ligeira, pouco pensada. Foi na Assembleia Legislativa do Paraná que
concitou o Congresso a “mostrar de que lado se encontra nesta questão” –a
corrupção.
Quatro dias antes, Moro
dirigia-se a juízes e servidores do Paraná ao dizer que, se aprovado o projeto
contra abuso de autoridade (não só de magistrados), a decisão do Congresso “vai
ser um atentado à independência da magistratura”. Tidas mais como provocações
do que defesa de ideias, as investidas de Moro têm exacerbado irritações, no
Congresso, a ponto do senador Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB a serviço de
Temer como líder do governo, dizer que “Moro se considera o superego da
República”.
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