No Brasil, a pesquisa foi feita online no período entre 1º e 14 de novembro e ouviu 2.236 mulheres |
Além das brasileiras, foram ouvidas tailandesas, indianas
e britânicas. O Brasil é o que apresenta a maior incidência de assédio entre as
mulheres e, também, entre aquelas que sofreram assédio antes dos 10 anos.
Para a pesquisa, foram considerados assédio os atos
indesejados, ameaçadores e agressivos contra as mulheres, podendo configurar
abuso verbal, físico, sexual ou emocional.
Para a assessora do Programa de Direito das Mulheres da
ActionAid no Brasil, Jéssica Barbosa, é preocupante o alto índice de assédios a
crianças no País, que revela uma propensão da sociedade brasileira à
sexualização infantil.
“O patriarcado atua nesse processo de naturalização da
violência contra a mulher e aí não estamos falando de homens loucos, de uma
exceção, mas sim, do primo, do tio, do vizinho, de homens que foram ensinados a
sexualizar essas crianças desde muito cedo. Inclusive os dados mostram que a
maioria dos estupradores são conhecidos das vítimas”, destaca.
Balanço
A maioria (55%) das entrevistadas disse ter sido
assediada nas ruas e 23%, no ambiente de trabalho. Os assovios (65%) foram as
principais formas de assédio relatadas pelas entrevistadas, mas comentários de
cunho sexual ocorreram com mais da metade das mulheres (52%), seguidos de
insultos (38%), perseguição na rua (29%), exibições por parte de homens (29%) e
ser tocada (20%).
Ainda segundo o estudo, 86% das brasileiras entrevistadas
afirmaram tomar alguma providência para se proteger das abordagens indevidas.
Dentre as medidas, estão: fazer um caminho diferente do usual (55%), evitar
parques ou áreas mal iluminadas (52%), ligar ou enviar mensagem para alguém
confirmando estar bem (48%), solicitar a companhia de outra pessoa (44%),
evitar transporte público (17%) e desistir de ir a um evento social (18%).
A pesquisa foi feita online no período entre 1º e 14 de
novembro e ouviu 2.236 mulheres (1.038 na Grã-Bretanha, 502 no Brasil, 496 na
Tailândia e 200 na Índia). Os números foram ponderados e são representativos de
todas as mulheres maiores de idade na Grã-Bretanha, todas as mulheres online na
Tailândia e toda a população urbana feminina de Brasil e Índia.
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