Josias de Souza
O espetáculo confuso que os Estados Unidos proporcionam ao mundo neste dia 9/11 produz efeitos tão devastadores quanto aqueles que se seguiram ao ataque de 11/9. Tomada pela radicalidade das mudanças que pode provocar no mundo, aeleição de Donald Trump é equiparável ao histórico ataque terrorista. A diferença é que, dessa vez, os americanos dispensaram o inimigo externo, produzindo um inusitado autoataque —uma espécie de trumpicídio.
Se o triunfo de Trump
ensina alguma coisa é que todas as premissas sobre as quais o establishment americano
construiu os seus valores depois da Segunda Grande Guerra estão com o prazo de
validade vencido. O isolamento que a opção por Trump representa é um convite do
império para que as nações comecem a planejar um novo começo. Mais ou menos
como Deus fez depois do Dilúvio.
O sucesso de Trump é um
prêmio à mediocridade. Seu hipernacionalismo ressentido, com traços de
xenofobia, racismo, isolacionismo e desprezo à liberdade de expressão são
sinais de que o mundo pós-9/11 não será o mesmo. Quando escreverem o enredo da
geração atual é do topete de Trump que falarão os historiadores, e não da
popularidade de Barack Obama, representado na disputa pelo ‘mal menor’ Hillary Clinton,
um outro nome para desastre.
Resta agora saber o
seguinte: o recomeço que se esconde sob o penteado exótico de Trump é um
prenúncio do quê? Seja o que for, o mundo não será melhor do que já foi. Um
presidente dos Estados Unidos que diz não acreditar no aquecimento global e que
guindou à condição de prioridade a construção de um muro na fronteira com o
México pode resultar em qualquer coisa, menos em coisa boa.
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