A antecipação das discussões sobre nomes para a disputa majoritária em 2018 pode levar a ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes a apressar sua aposentadoria na Corte para retornar à roda viva da política partidária. Prestes a completar 70 anos de idade na próxima sexta-feira (28), a mãe do ex-governador Eduardo Campos (PSB) e filha do ex-governador Miguel Arraes (PSB) foi deputada federal por dois mandatos – eleita em 2006 e reeleita em 2010 com a maior votação do Estado (387.581 votos) e quinta maior do Brasil. Animada com a possibilidade, em princípio, ela teria fixado como data-limite para deixar o TCU o mês de março de 2018, prazo máximo para desincompatibilização de ministros que pretendem disputar a eleição. No entanto, fontes ligadas à ex-parlamentar afirmam que a antecipação para agosto deste ano não estaria descartada.
A ideia de Ana Arraes seria antecipar sua volta ao campo
político para iniciar logo as articulações de uma candidatura majoritária, que
poderia ser ao Senado ou, num voo mais ambicioso, uma vaga de vice numa chapa
presidencial. Nesse sentido, a ministra já tem sido cortejada por algumas
legendas. Há pouco mais de duas semanas, almoçou com o senador Álvaro Dias,
recém-filiado ao Podemos (antigo PTN) e pré-candidato da nova legenda ao
Palácio do Planalto. Também esteve, como convidada, em um jantar com o
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB e amigo da
família.
O retorno da ex-deputada à política, no entanto, não deve
significar uma volta às origens partidárias, ou seja, ao PSB, partido ao qual
se filiou em 1990, junto com o pai, e que representou por dois mandatos na
Câmara Federal. Embora bem relacionada com a cúpula socialista, após a derrota
do seu filho mais novo, o advogado Antônio Campos, na disputa pela Prefeitura
de Olinda, no ano passado, Ana – que já estava desfiliada do PSB por ser
ministra do TCU – ficou ao lado do filho na briga que ele travou com a legenda,
que acusou de não se empenhar na sua candidatura e da qual se desfiliou logo
após o pleito. Daí a perspectiva de que ela venha a escolher o Podemos como
nova sigla.
Caso decida, de fato, antecipar sua saída do TCU, Ana
Arraes estará produzindo um gesto importante para o seu passe político, ao
abrir mão da presidência do Tribunal. Ela é a segunda na fila para o cargo,
logo após o também pernambucano e também ex-deputado federal José Múcio
Monteiro, que em janeiro de 2019 assumirá o comando da Corte, tendo Ana como
vice-presidente. Pela lei, os ministros do TCU só precisam se aposentar
compulsoriamente aos 75 anos de idade, o que daria tempo a Ana Arraes para
exercer o cargo máximo no TCU, cujo mandato é de dois anos. “Não tenho nenhuma
informação a respeito disso. Que eu saiba, Ana continua ministra, será
vice-presidente e, depois, presidente do Tribunal. Qualquer decisão em
contrário, pra mim será uma surpresa”, garante José Múcio.
Já o filho, Antônio Campos, embora confirme que a mãe tem
sido contatada por representantes algumas legendas, descarta a possibilidade de
antecipação da saída do TCU e evita comentar abertamente uma futura candidatura
dela a qualquer cargo. “Dona Ana permanece ministra do TCU. E deve se aposentar
como presidente”, despista. Campos, no entanto, sinaliza para a existência de
um projeto ao admitir que, se houver retorno dela à política, não será mais no
PSB.
De estilo muito discreto, Ana Arraes evita qualquer
comentário sobre o assunto e até mesmo contatos com a imprensa. Fora da
política desde setembro de 2011 – quando assumiu o cargo no TCU após uma dura
campanha pela indicação, que envolveu o próprio Eduardo Campos como um dos
articuladores – ela reúne a família e alguns amigos no próximo sábado (29) em
sua casa, no Recife, para um almoço de aniversário. De acordo com Antônio
Campos, não há políticos na lista de convidados.
Disputa familiar – A eleição do próximo ano terá um
capítulo à parte, marcado por uma disputa acirrada dentro da própria família
Arraes. Somente para a Câmara dos Deputados, estão previstas as candidaturas de
Antônio e do seu sobrinho João Campos – filho de Eduardo e atual chefe de
gabinete do governador Paulo Câmara (PSB) – além da vereadora Marília Arraes,
prima de ambos, especulada como possível candidata ao governo ou, no mínimo, à
Câmara. O curioso é que disputarão por partidos distintos, e em lados
adversários. Antônio é candidato pelo Podemos. João está no PSB e Marília
representa o PT. Caso confirme presença na disputa, Ana Arraes seria o quarto
nome da família a buscar espaço nas urnas. Só não se sabe ainda se na política
local ou nacional. Diário de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário