A chegada do inverno exige atenção, porque a época é propícia ao surgimento de doenças que podem comprometer a visão. O alerta é da oftalmologista Renata Rezende, professora de pós-graduação da PUC-Rio. A médica disse que, no inverno, é comum ocorrerem casos de alergia ocular em pacientes que têm condição prévia alérgica e que, nesta época do ano, pioram, diferentemente dos que moram em países da América do Norte, que passam por este problema durante a primavera.
Segundo ela, no inverno também é comum o aparecimento de
doenças virais que afetam os olhos. Com relação à alergia, a especialista
completou que, no Brasil, a doença é em geral desencadeada pelo ácaro, muito
presente, por exemplo, no cobertor e agasalhos que estão guardados. “Quando
eles têm contato com este tipo de vestuário ou de coberta, desencadeiam as
crises alérgicas e o olho normalmente é afetado, nesta época, por conta disso”,
advertiu.
Cuidados
Para evitar as alergias, a médica sugeriu lavar as cobertas
e agasalhos que estejam guardados antes de usar. Além disso, aconselhou manter
janelas abertas durante um período do dia para fazer a ventilação da casa. “É
uma época que a gente tira tudo do armário para usar. Então, tira antes de usar
para pegar um sol, para arejar, lavar, porque isso diminui a concentração de
ácaros. Deixa as janelas abertas, mesmo no frio, não deixar aquele ambiente
muito fechado. Tem que circular o ar”, alertou.
Outra medida eficaz é sempre lavar as mãos e evitar
levá-las no nariz, na boa e nos olhos. “Perder o hábito de levar a mão à face.
É um cuidado importante, porque vai ajudar a prevenir uma infecção
respiratória”, revelou. A médica também lembrou um velho erro de todos que
ficam com os olhos coçando, acrescentando que esfregar os olhos pode agravar o
quadro das doenças.
Conjuntivite
Outro fator que contribui para os problemas de saúde
ocular no inverno é a infecção viral causada pelo adenovírus, que provoca gripe
e infecções respiratórias. De acordo com a médica, o paciente fica com baixa
imunidade, o que permite o surgimento de doenças como a conjuntivite.
“A conjuntivite que dá nesta época é mais associada a
situações em que o paciente já está gripado. É aquele adenovírus na via aérea
superior que também pega a superfície ocular. Não é aquela epidemia que a gente
vê no verão, é uma conjuntivite mais branda, mas afeta os dois olhos”,
explicou.
Herpes
Renata Rezende, que também é integrante da Academia
Americana de Oftalmologia, destacou que as infecções respiratórias acabam sendo
mais frequentes no inverno porque é mais comum se permanecer em locais fechados
para escapar do frio e o ambiente fica contaminado por partículas decorrentes
até de espirros. Nesta situação, podem se manifestar também casos de herpes em
pacientes que também estão com baixa imunidade e que já tiveram contato com a
doença.
“O mesmo herpes que provoca uma lesão labial pode dar uma
recidiva ocular. Então, pode dar uma lesão na pálpebra, pode dar conjuntivite,
que parece uma conjuntivite por vírus simples, mas pode ser causada pela
herpes, pode afetar a córnea e pode afetar os tecidos dentro do olho, como a
íris. O herpes é um vírus que pode estar associado ao comprometimento de várias
estruturas oculares”, indicou.
Dia da Saúde Ocular
Neste 10 de julho, quando se comemora o Dia da Saúde
Ocular, a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) aproveitou para alertar
para a importância do cuidado com os olhos. De acordo com a Organização Mundial
de Saúde (OMS), a falta de cuidados pode levar 225 milhões de pessoas em todo o
mundo a ter baixa visão até 2020.
A oftalmologista Renata Rezende contou que, entre as
causas de perda visual, estão doenças como o glaucoma, a catarata, problemas de
retina que podem ser tratáveis se forem identificadas de forma precoce, como o
caso da degeneração macular relacionada à idade, e problemas de retina
relacionada a doenças sistêmicas, como diabetes mal controlado.
“Todas essas são condições que aumentam o risco de o
paciente perder a visão a longo prazo. Acho que esses dados são alarmantes,
porque são doenças que a gente pode prevenir. Em cidades maiores, pode haver a
preocupação, mas, infelizmente, é um cuidado que a gente não vê na maior parte
do país”, destacou a médica, que é especialista em catarata.
Edição: Davi Oliveira/AgênciaBrasil
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