O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin mandou prender os empresários Joesley Batista e Ricardo Saud, do grupo J&F, em atendimento ao pedido enviado pelo Procurador-Geral da República Rodrigo Janot nesta sexta-feira. Fachin negou, no entanto, edido para deter o ex-procurador da República Marcelo Miller. Os mandados podem ser cumpridos ainda neste domingo.
Fachin determinou que os dois terão de cumprir
inicialmente prisão temporária, com prazo inicial de cinco dias e que poderá
posteriormente ser estendido por igual período, ou convertida em prisão
preventiva, quando não há prazo para acabar.
O pedido para prender os dois delatores da J&F e
Miller havia sido apresentado ao STF sob sigilo pelo procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, na noite da sexta-feira, no momento em que o
ex-procurador estava depondo no procedimento aberto pelo chefe do Ministério Público
Federal (MPF) para revisar o acordo de delação premiada de Joesley, Saud e do
advogado Francisco de Assis e Silva, também diretor do grupo.
Cabe à Polícia Federal cumprir as prisões determinadas
por Fachin, que poderão ser efetuadas durante o domingo ou até mesmo nos
próximos dias. Questionada na manhã do domingo se já havia sido notificada da
decisão do ministro do STF, a assessoria de imprensa da PF informou que não vai
tratar de eventuais medidas judiciais pendentes de cumprimento.
PASSAPORTES
Após a divulgação dos pedidos de prisão requeridos contra
os dois delatores e Marcelo Miller, os três apresentaram petições ao STF ao
longo do sábado para serem ouvidos antes de Fachin tomar uma decisão.
Esses pedidos não são usuais de serem apresentados e, menos
ainda, aceitos quando um magistrado ainda não decidiu um pedido de medida
cautelar contra um suspeito. Os três afirmaram que colocariam os passaportes à
disposição das autoridades – medida geralmente utilizada por pessoas sob
suspeita para indicar que não tem a intenção de fugir do país.
“Caso haja qualquer dúvida sobre a intenção dos
peticionários em submeterem-se à lei penal, ambos desde já deixam à disposição
seus passaportes, aproveitando para informar que se colocam à disposição para
comparecerem a todos os atos processuais para prestar esclarecimentos, da mesma
forma com que têm colaborado com a Justiça até o presente momento”, disseram os
advogados de Joesley e Saud.
Janot tem interesse em finalizar o procedimento de
revisão do acordo de colaboração dos delatores da J&F até o dia 17, último
dia à frente do comando do MPF.
A intenção é anular os benefícios concedidos aos
colaboradores do grupo, que perderiam a blindagem de não serem investigados
criminalmente por fatos revelados, mas manter as provas produzidas por essa
delação – homologada pelo STF em maio – válidas – uma das acusações, inclusive,
deve ajudar a embasar nova denúncia contra o presidente Michel Temer.
OS ÁUDIOS
O pedido de prisão vêm na esteira de áudios
revelados por VEJA de conversas entre o dono e o diretor de relações
institucionais da controladora da JBS que indicam omissão de informações na
delação premiada negociada com a PGR.
Nas gravações, Saud e Joesley conversam sobre
uma suposta interferência de Miller para ajudar nas negociações, cujo principal
trunfo é a gravação de uma conversa entre o empresário e o presidente Michel
Temer (PMDB).
O ex-procurador ainda fazia parte do Ministério Público
Federal quando começou a conversar com os executivos, no final de fevereiro.
Ele foi exonerado da instituição apenas em abril.
(com agência Reuters)
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