Mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria
Wolbachia serão liberados em fevereiro em mais 14 bairros da zona norte do Rio
de Janeiro, em nova etapa de experimento coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz). O objetivo é o cruzamento com insetos infectados com os que estão na
natureza, substituindo a população original.
A bactéria não faz mal ao organismo humano e tem a
capacidade de bloquear o ciclo da zika, da dengue e da chikungunya no mosquito
Aedes, responsável pela transmissão para o ser humano. Com a substituição, a
tendência é a queda na incidência das doenças. Ainda não é possível afirmar que
a bactéria pode impedir também o ciclo do vírus da febre amarela que circula no
Brasil.
O projeto da Fiocruz Eliminar a Dengue: Desafio Brasil
está de olho no possível aumento de casos das doenças nos meses mais quentes e
chuvosos do verão, conforme alertou a Secretaria Estadual de Saúde.
Recentemente, o subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado do Rio,
Alexandre Chieppe disse que é chegado o período de maior risco de transmissão.
Na primeira etapa, em agosto de 2015, foram soltos mais
de 3 milhões de mosquitos com Wolbachia em Tubiacanga, na Ilha do Governador,
na zona norte, e em Jurujuba, em Niterói, na região metropolitana. As áreas
foram escolhidas por fatores científicos e, não endêmicos. Ambas são pequenas
vilas de pescadores próximas ao mar.
O coordenador da pesquisa, o infectologista Luciano
Moreira, informou que os mosquitos com a bactéria já procriaram nas regiões,
dando origem a uma nova população de insetos com a Wolbachia. Segundo ele, sso
foi possível porque, no cruzamento, a fêmea transmite a bactéria às larvas. Não
há mutação genética. “Visitamos as mesmas áreas e percebemos que, passados 18
meses, 100% dos mosquitos têm a bactéria.” O monitoramento ocorre por meio de
visitas regulares a 900 casas cadastradas.
Os mosquitos com a bactéria Wolbachia são criados no
insetário da Fiocruz, na zona norte, e a liberação deles ocorre semanal ou
quinzenalmente, dez vezes, em pontos pré-estabelecidos. A técnica é uma das
principais apostas para diminuir as infecções e foi descoberta na Austrália.
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