Após 19 anos de suspensão, o Brasil volta a importar
camarão do equador desde o final do ano passado. Conforme divulgou a Câmara
Nacional de Aquicultura do Equador (CNA), oito empresas brasileiras já estão em
contato com exportadores equatorianos para adquirir o crustáceo. A expectativa
é que, com o aumento da concorrência e uma maior oferta deste produto no
mercado interno, o preço diminua para o consumidor final. Na contramão, essa
medida pode prejudicar milhares de pescadores artesanais e criadores de camarão
em cativeiro, se for tomada sem as devidas precauções de biosseguridade.
De acordo com o extensionista do Instituto Agronômico de
Pernambuco (IPA) e Engenheiro de Pesca, João Paulo Viana de Lima, o Equador
compete com o Brasil no mercado de camarão cultivado. Com apenas 600 km de
costa, sem estradas e energia elétrica, em 2003, o Equador havia produzido
77.500 toneladas e exportado 58.011 toneladas, valores inferiores ao desempenho
do Brasil, 90.360 toneladas e 58.455 toneladas, respectivamente. Já em 2016,
passou a produzir 406.334 toneladas e a exportar 363.570 toneladas, num total
de US$ 2,45 bilhões, tornando-se o maior produtor de camarões da América do Sul
e o quarto maior exportador mundial.
Enquanto isso, o Brasil, que era o principal exportador
de camarão para os EUA e União Europeia, além de líder mundial em produtividade
(6.083 Kg/ha/ano), em 2003, teve em 2016 uma produção de 60.000 toneladas e
exportações de 514 toneladas, somando US$ 3,1 milhões apenas, segundo dados da
Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC).
Quanto à sanidade dos cultivos de camarão no Equador, já
foram detectadas 13 doenças de origem viral e bacteriana, das quais, 10
não ocorrem no Brasil. Segundo Lima, é importante ressaltar que essas
enfermidades podem acometer todos os tipos de crustáceos, não somente os
camarões de cativeiro, mas também espécies alvo da pesca artesanal como
caranguejos, siris, lagostas e camarões selvagens.
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