Daqui a exatos cinco meses os brasileiros irão às urnas
escolher o novo presidente da República, mas um dos principais nomes da disputa
abriga-se até agora debaixo de um confortável e enigmático silêncio.
Se ainda faltavam exemplos de como precisamos aperfeiçoar
nossa jovem democracia, Joaquim
Barbosa está aí para nos lembrar disso.
Há quatro anos ausente da vida pública após se aposentar
no Supremo, o ex-ministro de 63 anos —faz 64 justamente no dia do 1º turno—
arrasta-se há meses no suposto dilema de se lançar oficialmente na disputa ou
continuar fora da política.
Por mais sinceras que sejam suas dúvidas, por mais real
que seja a resistência familiar e de setores do PSB, partido ao qual se filiou,
trata-se da candidatura ao comando de um país de 209 milhões habitantes e
problemas pra dar, vender e exportar.
Já passou da hora, faz muito tempo, de Joaquim Barbosa
anunciar publicamente se pretende de fato se lançar a esse monumental desafio,
e daí se submeter abertamente e sem melindres a todo o extenso, rigoroso e
necessário escrutínio público. Ou se vai ficar de fora dessa —e aí ninguém vai
ter nada a ver com isso.
Faltando apenas cinco meses para o dia D, o que Barbosa
pensa sobre a economia? Está boa, tem que manter isso, viu, não tem? Da
política? Do Congresso? Da miséria, do desemprego, da morte da bezerra?
O que pensa hoje Barbosa sobre sua atitude de 2013,
quando presidia o STF e mandou o jornalista Felipe Recondo chafurdar no lixo? A
atitude lhe rendeu uma
condenação por danos morais. Arrependeu-se ou
acha que agiu de forma correta?
Sobre tudo isso e algo mais, as precárias
informações brotam de restritos
interlocutores, escassos pronunciamentos ou limitadas análises de sentenças
dos anos de toga.
Barbosa parece ainda apegado a maneirismos imperiais de
um mundo jurídico cerimonialista e blindado do contraditório. Cenário
inimaginável para um candidato a presidente de um país que se quer democrático
e com instituições sólidas.
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